Estando nós em tempo de eleições europeias, seria bom que ficasse claro qual o projecto que se defende para Portugal na Europa.

A saída do Euro?

Como, se Branson e Katseli explicaram há várias décadas atrás que países comercialmente interligados devem apostar, em termos de política cambial, em “ pegging practices” e que se apresenta sempre preferível participar institucionalmente numa União Económica e Monetária do que ter uma moeda ligada a outras paridades, não dispondo de participação nos centros decisionais.

A Europa das Pátrias de De Gaulle?

Mas, o que é que se entende por Europa das Pátrias, nos tempos de hoje?

Uma mera zona de Comércio Livre, sem União Aduaneira, uma vez que tal implicaria a renúncia a uma política comercial própria, pondo em causa as teses soberanistas radicais?

Quais, então, as alternativas à Europa de hoje que passem pelo retrocesso do processo integracionista e que sirvam, ao mesmo tempo, o interesse nacional?

Em boa verdade, ser-se patriota é procurar defender os interesses reais do nosso País no contexto existente a nível internacional. Com base em análises consistentes e não em “ slogans” demagógicos de inspiração populista.

Não é, por exemplo, voltar-se a um projecto que se reconduz a uma Zona de Paz e de Comércio Livre, sem União Aduaneira, sem PAC, sem qualquer coordenação de políticas económicas e financeiras, sem Fundos de Coesão, sem Políticas de Defesa Concertadas, sem ligação entre as diferentes paridades europeias.

Será que essa Europa aproveitaria a Portugal e aos portugueses? A minha resposta é não. Não aproveitaria.

O que aproveitaria aos portugueses era um aprofundamento do processo de integração europeia que permitisse à Europa do futuro ser mais forte e coesa. Só assim Portugal poderá vir a ser mais forte e competitivo.

Quem pense o contrário, que o diga.

Caberá, seguramente, aos europeus decidir. Sendo certo que sem um projecto de futuro claro e transparente não faz sentido assumir-se que se tem um sentido para o presente. Nem mais, nem menos…

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.