O Partido Democrata conseguiu um excelente resultado nas eleições de novembro e de janeiro. Se até aqui estava confinado ao controlo da Câmara dos Representantes, agora terá a Casa Branca e o Congresso nas mãos. Joe Biden não terá os bloqueios que Trump teve de enfrentar, pelo que não haverá desculpas para não implementar as políticas que deseja. Além disso, o tumultuoso final de mandato de Trump cria condições para uma viragem de página mais pronunciada.
A Casa Branca terá caminho livre, mas há dúvidas sobre onde Joe Biden pretende chegar. Na tradição da política norte-americana, o Partido Democrata é uma amálgama de correntes e tendências. Biden é percecionado como sendo mais ao centro, não é hostil às empresas ou ao sistema financeiro e não é profundamente estatista. Já a sua vice-presidente parece representar uma versão intervencionista, mais à esquerda e defensora de um Estado mais ubíquo. Quem prevalecerá?
A campanha eleitoral foi muito centrada no confronto a Trump e pouco esclarecedora acerca dos objetivos para os próximos quatro ou oito anos. Parece claro que haverá mais estímulos à economia e que, provavelmente, se fará uma abordagem diferente à pandemia. Mas resta saber, por exemplo, o que nova Administração pensa da relação com a China, Europa, Rússia e países do Médio Oriente, a sua posição acerca do protecionismo ou se pretende “partir” as grandes empresas de tecnologia. O Partido Democrata tem o poder, vamos ver o que fará com ele.