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Livro: “Corsário das Ilhas”

Eis o segundo volume de crónicas de Vitorino Nemésio, naquela que é a recuperação da obra completa do açoriano, empreendida pela Companhia das Ilhas e Imprensa Nacional-Casa da Moeda.
1 Junho 2024, 11h33

“Ainda não se vê terra, e já o faro do açoriano regista a vizinhança da lava, palpita as primeiras rochas pela primeira bandada de gaivotas que vêm tentear a gávea do navio. Mas já um binóculo mais aplicado descobriu uma massa escura, uma espécie de pão à boca do forno. Santa Maria! Os primeiros cagarros – o simpático palmípede que deu a alcunha aos marienses – desenham nos seus voos de reconhecimento os primeiros debruns da costa.”

 

 

A picarota editora Companhia das Ilhas e a Imprensa Nacional – Casa da Moeda empreenderam recentemente a recuperação da obra completa do açoriano Vitorino Nemésio. Neste segundo volume de crónicas, incluíram “Corsário das Ilhas”, esgotado há muito, compilação de textos publicados no vespertino lisboeta “Diário Popular” ou lidos ao microfone da Emissora Nacional, que resultou de duas viagens aos Açores, em 1946 (que incluiu a Madeira) e 1955, a primeira, marítima, e a segunda, por via aérea.

O livro completa-se com “O Retrato do Semeador”, conjunto de crónicas escritas entre 1942 e 1957, de teor díspar, desde retratos de várias personalidades (santos, teólogos, escritores e pensadores cristãos), questões políticas ou uma visita a Paris em que deu com a Notre-Dame “embuçada em andaimes” – curiosamente, como está também agora, depois do tremendo incêndio que quase a destruiu completamente.

Na edição original, de 1956, o autor – popularizado pela série televisiva “Se Bem Me Lembro”, exibida entre 1970 e 1975 – adverte para o caráter formal de que se revestiam: itinerário [ou seja, narrativa de viagens] e memórias, tal como tinha já sido “O Segredo de Ouro Preto e Outros Caminhos”, publicado em 1954, sobre o Brasil.

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