Como vê o impacto da diretiva da Distribuição no setor?
A diretiva da Distribuição vem contribuir para uma maior proteção dos consumidores, promovendo a informação e conhecimento. Face às novas responsabilidades, o sector terá de investir ainda mais na qualificação e certificação adequada dos seus recursos, na definição clara dos modelos de negócio e distribuição, bem como nos suportes e conteúdos que utilizará no domínio da informação a prestar ao consumidor.
É expetável que esta necessidade de investimento adicional resulte em movimentos de concentração entre os players do mercado, procurando ganhos de escala e eficiência, mas também na saída do mercado de alguns operadores que não preencham os requisitos necessários, nomeadamente em termos de exigência profissional. No caso da MDS, os elevados padrões de qualidade e exigência pelos quais pautamos a nossa atividade têm-nos levado a antecipar a evolução do sector, pelo que não prevemos a necessidade de realização de adaptações significativas.
Como estão a MDS e a Brokerslink a posicionar-se perante a emergência de novos riscos?
A MDS, e naturalmente a Brokerslink, desde sempre têm estado na vanguarda da inovação em risco e seguros. O nosso extenso network permite-nos um acesso praticamente ilimitado ao state of the art no nosso setor, sempre numa perspetiva de servir os nossos clientes mas também de partilhar o conhecimento a que temos acesso.
Quais os grandes riscos que poderão afetar a humanidade e a economia mundial?
Existem várias entidades que avaliam os riscos à escala mundial e não há grandes divergências relativamente aos riscos que hoje mais nos devem preocupar: as alterações climáticas e as catástrofes naturais, os cyber risks, o terrorismo e os conflitos sociais, os crashes de mercado, as pandemias, entre outros. Por exemplo, o Lloyd’s City Risk Index 2018, que foi divulgado na apresentação que fizemos da MDS enquanto broker do Lloyd’s, divide em cinco grandes grupos os riscos que afetam as cidades: riscos geopolíticos e de segurança, catástrofes naturais e climáticas, tecnologia e espaço, e finanças, economia e comércio. Alguns, como podemos constatar, infelizmente, já estão bem presentes nas nossas vidas.
Como criar perante as empresas a perceção de que há novos seguros e eles são necessários, antes que um sinistro demonstre essa necessidade?
Partilhando informação, partilhando conhecimento. Fazendo com que essa partilha faça parte da nossa missão. Comunicando aquilo que o nosso sector faz pela sociedade, e que nem sempre é compreendido na sua globalidade. O setor segurador devolve muitíssimo à sociedade, permitindo que empresas sejam recuperadas, famílias obtenham apoio em caso de doença ou morte de um dos seus membros, acidentes com os seus bens, grandes tragédias… . No grupo MDS, temos dado um forte contributo para essa partilha, quer através da organização de seminários e workshops sobre grandes temas da atualidade como Responsabilidade Ambiental, Construção, Cyber Risco, etc, como também através da nossa revista ‘FULLCOVER’ onde, para além de abordarmos temas variados em todas as áreas de risco e seguros, entrevistamos os grandes players do setor segurador a nível mundial, que nos transmitem, em primeira mão, a sua visão sobre esta atividade e os seus grandes desafios.
Que balanço faz do ano de 2018 no grupo?
Foi um ano muito bom para o grupo MDS e em particular para a MDS Portugal. Tendo em conta os dados dos primeiros nove meses, mantivemos a tendência de crescimento dos últimos anos. Este crescimento tem sido particularmente importante porque nos posiciona de forma indiscutível como um grande broker ibérico, para além do líder de referência na distribuição e consultoria de risco em Portugal que já somos há vários anos. Foi também um ano muito bom no Brasil e em África.
Fizemos investimentos importantes em novos negócios e em tecnologia, com uma grande aposta no digital, um aspeto muito importante na nossa estratégia, que nos permite hoje oferecer aos nossos clientes plataformas que lhes permitem ser mais eficientes e eficazes, com acesso a informação e reforçando a sua autonomia; mas também na área dos recursos humanos, nomeadamente em consultoria em recursos humanos e, naturalmente, consultoria de risco. Assinalava ainda a conquista de novos clientes corporativos de grande dimensão, que confiam na MDS como seu parceiro de futuro.
Quais os principais desenvolvimentos corporativos no grupo MDS?
Em Portugal, alargámos a oferta disponibilizada, reforçando a nossa liderança destacada de mercado. A nível internacional, prosseguimos o desenvolvimento das nossas operações no Brasil, em Angola e em Moçambique. É importante sublinhar que no mercado africano, que é a nossa operação mais jovem, tivemos um crescimento particularmente positivo. Reforçámos as nossas equipas, consolidámos o negócio e somos cada vez mais uma referência no mercado.
Em paralelo, a Brokerslink, empresa fundada pelo grupo e que gere uma rede de brokers global com cerca de 18 mil profissionais de seguros, continuou a crescer em 2018 e já está em mais de 100 países, permitindo-nos oferecer aos nossos clientes um serviço à escala mundial. Um exemplo deste desenvolvimento é a atração, para a sua esfera de atuação nos EUA, do 7º maior broker mundial – a Alliant – com uma receita de aproximadamente 1, 4 mil milhões de dólares e que consolida a posição da Brokerslink como uma das grandes organizações na área da corretagem a nível mundial. O ano foi ainda marcado pela minha nomeação como chairman da empresa.
A estratégia da MDS passa por crescimento orgânico mas também por aquisições?
Atualmente, o grupo MDS, no seu todo, gere um volume de prémios na ordem dos 500 milhões de euros, um valor já muito significativo e que reflete um crescimento sustentado.
O crescimento orgânico é um pouco como o ar que respiramos e está sempre presente na nossa estratégia. A MDS é uma empresa viva, em constante evolução e transformação que consegue captar novos clientes, mas também retê-los através de um serviço state of the art, de grande proximidade, com recurso a equipas de primeiro nível, a tecnologia e a conhecimento e alargando constantemente a sua oferta de produtos e serviços. Mas estamos sempre atentos às oportunidades e com apetite por crescer mais depressa. Por um lado, por aquisição. Mas, por outro lado, também nos interessa algum M&A [fusão & aquisição] muito mais cirúrgico, nomeadamente com empresas de tecnologia que podem aportar valor ao grupo como um todo. É o caso da aquisição recente, no Brasil, de uma participação maioritária na 838 Soluções, uma empresa pioneira no desenvolvimento de ferramentas para a gestão automatizada de “Benefícios” e “Benefícios Flexíveis”, de quem hoje somos um grande parceiro, já depois de termos também adquirido em Portugal uma participação relevante na FlexBen, que atua na mesma área.
No Brasil, estamos também a ultimar uma ou duas operações de M&A importantes, que esperamos concluir no primeiro trimestre de 2019. São aquisições que vão trazer bastante valor ao grupo, não só do ponto de vista de base de clientes, mas também do ponto de vista de knowledge e de equipa. Investimos também na área do resseguro de forma a consolidar a nossa atividade. A MDS Re é cada vez mais uma linha particularmente importante de desenvolvimento, com uma vocação europeia e africana muito forte.
A nível da internacionalização contam entrar em novos mercados diretamente?
Relativamente ao nosso footprint internacional, queremos afirmar-nos como o grande broker do espaço ibérico, brasileiro e africano. E neste momento mantemos, naturalmente, alguma ambição em alargar a nossa presença em África a outros mercados que não os do espaço da lusofonia.
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