Do luxo para a padaria, literalmente. Mara Ângelo voou da NetJets® Inc, empresa de aviação detida pela Berkshire Hathaway, do bilionário Warren Buffet, para a empresa criada pelos primos Diogo Carvalho e José Diogo Quintela, em 2010. Na bagagem, traz o essencial de quem já viu o mundo: “Pessoas são pessoas em todo o lado. Todos temos os mesmos medos, os mesmos sonhos, as mesmas necessidades, o cenário é que muda”, sublinha ao Jornal Económico.
“Se puder trazer uma perspetiva mais profissionalizada de recursos humanos, de processos mais robustos e aplicá-los a um sítio que possa beneficiar dessa robustez, só posso ficar muito realizada com isso”, explica-nos.
Estamos no número 39 da Avenida da República em Lisboa, onde a empresa abriu esta quarta-feira uma Academia de Formação, criada especificamente para o desenvolvimento profissional e pessoal dos trabalhadores atuais e para formar novos colaboradores que se juntem à empresa.
Oito anos depois do primeiro Pão de Deus na Avenida João XXI são já 60 as lojas abertas em toda a Grande Lisboa, onde trabalham cerca de 900 pessoas. No total, a Padaria Portuguesa emprega mais de 1.200, contando com as que desempenham funções nos restantes áreas – a fábrica, onde é feito o pão e são confecionados os produtos de pastelaria e outros; centro de logística, que faz a distribuição desses produtos e de outros, como bebidas e guardanapos; e estrutura central, onde se encontram os vários departamentos, o financeiro, o de marketing e o de recursos humanos e por aí fora. “A nossa operação tem que ser sempre desenvolvida e isso passa por treinar as competências das pessoas”, assegura.
A academia partilha espaço com a loja da Padaria onde fica o chamado ‘lab’ (diminutivo de laboratório). É aí que se faz a inovação, se criam novos produtos, que se forem bem sucedidos serão exportados para as outras lojas e se percebe a adesão do cliente. A academia fica no piso de baixo. Comporta cinco salas, uma das quais reproduzindo integralmente o layout e ambiente de loja, de forma a permitir aos formandos a aprendizagem em ambiente real. “As pessoas querem sentir-se profissionalmente realizadas e nós temos que as conseguir envolver”.
Nas lojas, a maior parte são jovens e é aí que se verifica a maior rotação, explica Mara Ângelo, adiantando que a empresa atribui mensalmente prémios de desempenho, mediante o cumprimento de determinados objetivos. Promove-se a mobilidade interna, não só lateral, mas também vertical. “Damos a ferramenta e a função, depois cabe às nossas equipas e à pessoa em particular desenvolver o seu percurso.”
Na academia, a abordagem é top down. Todas as lideranças, o que inclui gerentes e sub-gerentes de loja, passarão por lá, mas haverá formações transversais que interessam e abarcam todos; atividades direcionadas para as diferentes áreas técnicas. Por exemplo, o programa “Sorria que está a ser filmado”, primeira formação transversal a ser ministrada, trata a gestão das reclamações muito destinada a trabalhar necessidades de desenvolvimento individual, de grupo e corporativo. Há muitas? “Entre 15 de julho e 15 de setembro, verificaram-se 42 reclamações, o que dividido por 60 lojas em dois meses acaba por ser muito pouco considerando que atendemos 35 mil clientes por dia”. Ainda assim, vinca, Mara Ângelo:_“É um tema tão determinante para a prestação de um serviço acima da média que queremos trabalhá-lo. A ideia de que a aprendizagem não serve para suprir falhas não é verdade”.
O acto contínuo de treinar tem de facto impacto no resultado final.
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