Todos conhecemos a frase batida: “Ninguém no seu leito de morte disse que estava arrependido de não ter passado mais tempo a trabalhar”. Claro! Estamos provavelmente a falar de pessoas que conseguiram atingir um razoável grau de êxito profissional ou que viveram sem grandes privações ou dificuldades. Mas, na verdade, há muita gente que nos seus últimos dias de vida poderia lamentar não ter trabalhado mais.
Refiro-me às pessoas que deixaram de concretizar todo o seu potencial por terem sido comodistas, preguiçosas ou, simplesmente, por se terem deixado guiar por prioridades erradas. Alguns, ricos mas incautos, tiveram uma velhice de privações. Outros poderiam confessar o mesmo segredo que ouvi a um amigo pouco antes de morrer: “Bem podia ter investido mais na minha carreira, em vez de ter dedicado tanto tempo àqueles filhos ingratos que há muito se esqueceram de mim”.
A verdade é que a frustração resultante do falhanço das metas profissionais tem frequentemente um impacte negativo na nossa vida pessoal e familiar. Para boa parte dos indivíduos há uma relação direta entre a realização profissional e o bem-estar familiar. Isto, obviamente, sem negar o número elevado daqueles que dedicam demasiado tempo a ganhar dinheiro sem cuidar de desfrutá-lo com a família e os amigos.
Conseguir o equilíbrio adequado entre a vida profissional e a familiar é um dos mais difíceis desafios que se colocam a qualquer ser humano. Não há receita universal para isso.
Os filósofos da Antiguidade advogavam uma vida equilibrada de esforço e lazer. Dois mil e quinhentos anos depois, continuamos a perguntar-nos qual a melhor forma para o conseguir. De facto, tal fórmula é diferente para cada um de nós. Nem todos têm a capacidade para a identificar e, quando identificada, a coragem para a pôr em prática.
Porque somos humanos, cometemos erros e agimos de forma que frequentemente vimos mais tarde a lamentar. O melhor que podemos fazer é aprender com a nossa experiência individual e não ficarmos prisioneiros de escolhas que se revelaram erradas. A vida dá-nos sempre mais do que uma oportunidade. Por isso devemos pensar no que poderá levar-nos ao arrependimento nessa inexorável última hora e, desde muito cedo, fazer o possível para o evitar.