O Novobanco está a preparar o processo de venda da sociedade que gere a Herdade da Barrosinha, em Alcácer do Sal, que o banco adquiriu em 2022 no âmbito da venda dos fundos de reestruturação geridos pela ECS ao fundo da Davidson Kempner Partners (DK), apurou o Jornal Económico. O processo de venda está ainda em preparação porque “há algumas arestas por limar”, segundo fontes conhecedoras do negócio, que não avançaram mais detalhes.
O banco tem dito sempre que continua a sua política de desinvestir nos ativos não estratégicos, nomeadamente os imobiliários, sempre que surgirem oportunidades, mas não em saldo.
A Compagris – Companhia de Agricultura e Serviços (situada na Herdade da Barrosinha) está avaliada no balanço do Novobanco do primeiro semestre ao valor de 19,1 milhões de euros e a Herdade da Barrosinha ao valor de 7,4 milhões de euros. Isto depois de imparidades registadas na participação na Compagris de 14,4 milhões de euros.
Alguns imóveis saíram do Projeto Crow por exigência do comprador e os bancos ficaram com eles em carteira. É o caso da empresa Compagris tem a sua sede localizada em Alcácer do Sal e gere a Herdade da Barrosinha, assim como da Solago – Investimentos Turísticos (que detém o Hotel Lago Montargil & Villas), que o banco anunciou no relatório e contas que vendeu em dezembro de 2023 com uma menos-valia de 1,2 milhões de euros.
No relatório e contas do Novobanco é revelado que em dezembro de 2022, decorrente da conclusão do processo de venda dos Fundos de Reestruturação, o Novobanco adquiriu 100% do capital social da Compagris e Barrosinha e 84,16% do capital da Solago.
Ora, “uma vez que o Grupo Novobanco tem intenção de vender estes ativos, os mesmos foram classificados como operações descontinuadas”.
“Em dezembro de 2023 o grupo procedeu à alienação da Solago, tendo reconhecido uma menos-valia de 1,2 milhões de euros”, refere o relatório e contas do Novobanco.
Não foi possível obter comentários do banco.
O Hotel Lago Montargil & Villas era um dos ativos que chegou a integrar o Projeto Crow, mas que foi retirado, no âmbito do processo de venda dos fundos da ECS Capital à DK Partners.
Segundo notícias de fevereiro deste ano, o Hotel Lago Montargil & Villas, um empreendimento de luxo localizado na margem da Barragem de Montargil (Portalegre), mudou de mãos, uma vez que foi comprado por grupo hoteleiro também português, o AP Hotels & Resorts. O valor da transação situou-se entre 15 e 20 milhões de euros, segundo uma notícia baseada no comunicado da Colliers, líder mundial em gestão de investimentos imobiliários, que assessorou um banco na venda do hotel.
Recorde-se que a empresa de gestão hoteleira KPI Hotel Management Services fazia a gestão do Lago Montargil & Villas desde março de 2023, depois da unidade ter sido excluída do projeto Crow cuja venda foi concluída no final de 2022.
Também em dezembro de 2023, houve a assinatura do contrato promessa de compra e venda da participação detida na Lineas, e por isso nas contas do Novobanco desse ano esta participação foi classificada de investimentos em associadas para operações descontinuadas.
Em maio de 2024, após a obtenção das autorizações das autoridades competentes, o processo de venda foi concluído com um impacto positivo no resultado do Novobanco do período de 6,254 milhões de euros.
O Novobanco vendeu os seus 40% na empresa portuguesa Lineas Concessões de Transportes – que por sua vez detém 50,5% da Lusoponte e 80,8% da concessão da Douro Interior – por um montante muito acima do seu valor contabilístico, segundo noticiou na altura o Jornal Económico. O price-to-bookvalue dos 40% da Linea é de 52,6 milhões de euros.
A venda foi fechada não só com o fundo de infraestruturas Serena Industrial Partners, com quem tinha assinado no fim do ano passado, um contrato de promessa de compra e venda, mas também com o espanhol Banco March.
A venda do portefólio de hotéis de luxo, conhecido como “Projeto Crow”, da sociedade gestora de capital de risco, ECS à norte-americana Davidson Kempner, foi em dezembro de 2022 comunicada ao mercado, pelos bancos que tinham participações nos fundos, a CGD, o BCP, o Novo Banco, o Santander e o veículo que ficou com os ativos problemáticos do Banif, a Oitante.
O Novobanco na altura foi o único dos bancos a revelar mais detalhes do impacto da venda no seu capital.
Num comunicado enviado ao mercado, o Novobanco, revelou que “a conclusão desta transação repercute-se no recebimento de 224 milhões de euros” e que “os impactos esperados em resultado líquido de 2022 e nos rácios de capital do banco, pela redução desta exposição no balanço, são em linha com o comunicado no dia 23 de agosto de 2022”. Ou seja, a exposição a estes fundos reduz-se 40% e recuperando o que era dito nesse comunicado “a redução desta exposição no balanço deverá repercutir-se num aumento de 25 pontos base dos rácios de capital do Novobanco”.
A ECS foi também na altura vendida à DK Partners. Já este mês de agosto a ECS anunciou a venda do Hotel do Caracol ao fundo Property Core Real Estate, gerido pela Square AM. A operação contou também com a celebração de um contrato de arrendamento com a sociedade Açores 2000, para a operação do hotel.
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