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“Lufthansa no capital da TAP? Decisão deve ir além da rentabilidade financeira”, destaca especialista

Emília Baltazar, especialista em operações de transporte aéreo, defende ao JE que uma futura parceria deve dar garantias à companhia portuguesa de que “não será alienada por outro grupo cuja concorrência possa ser prejudicial para a TAP”.
TAP
2 Setembro 2024, 18h19

A decisão da alienação de parte do capital da TAP deve ir além rentabilidade financeira e focar-se em aspetos que possam robustecer a operação da companhia aérea nacional, de acordo com análise de Emília Baltazar, especialista em operações de transporte aéreo, para o JE.

Recorde-se que o CEO da Lufthansa, Carsten Spohr, esteve esta segunda-feira em Lisboa e de acordo com o “Negócios”, terá reunido com os ministros das Finanças e das Infraestruturas no sentido de fechar a aquisição de 19,9% do capital da TAP, numa operação que deverá rondar os 180 a 200 milhões de euros.

A coordenadora do Mestrado em Operações de Transporte Aéreo e subdiretora da Escola de Gestão em Engenharias e Aeronáutica do ISEC Lisboa começa por enaltecer a importância de ter uma companhia como a Lufthansa interessada em entrar no capital da TAP.

“Players como a Lufthansa são sempre uma mais valia para qualquer companhia aérea, trazendo também mais competitividade e uma maior robustez. Seria interessante que a TAP pudesse ter essa parceria com um player desta dimensão”, elogiou a especialista.

Emília Baltazar acredita que “a estratégia pode passar por reforçar a participação no capital da TAP ao longo dos próximos anos, para que possa crescer como parceiro da TAP e que isso possa ser bom para as duas companhias aéreas. Aos poucos ir equilibrando a sua participação e ter uma voz mais ativa na gestão da companhia”.

E que vantagens pode ter a TAP com a entrada da Lufthansa no capital da companhia aérea? “Logo à partida, mais destinos, maior complemento dentro das ofertas que a TAP pode ter e também trazer ainda mais fiabilidade nas operações”.

Estando a operação avaliada entre os 180 milhões e os 200 milhões de euros, a docente do ISEC Lisboa acredita que há aspetos mais importantes que o encaixe com a operação: “Mais do que a rentabilidade financeira, considero que é muito mais importante o que é que significa a entrada de um player como a Lufthansa no capital da TAP e que garantias pode esse parceiro oferecer à companhia portuguesa no jogo dos grandes e não ser alienada por outro grupo cuja concorrência possa ser prejudicial para a TAP. Deve-se ouvir outras propostas, sem dúvida, mas esta análise não pode ser meramente financeira”.

“O facto de ter vindo o CEO da Lufthansa a Lisboa e de se saber que poderá haver uma decisão no primeiro trimestre de 2025, parece que é indicador que o processo está numa fase mais adiantada do que aquilo que parecia. Se fosse a Iberia a avançar para esta operação, seria difícil ter o hub em Lisboa tendo em conta que Madrid está muito próximo”, conclui Emília Baltazar.

CEO da Lufthansa em Lisboa

O CEO dos alemães da Lufthansa esteve em Lisboa esta segunda-feira para negociar a compra de uma participação na TAP, de acordo com informação avançada pelo “Negócios” na edição de hoje.

Destaca o diário que Carsten Spohr, líder máximo da companhia de aviação germânica, prepara-se para reunir com dois importantes ministros do Governo português para encetar negociações para a compra de uma participação na TAP.

Assim, Joaquim Miranda Sarmento, ministro das Finanças e Miguel Pinto Luz, titular da pasta das Infraestruturas (Ministério que tutela a TAP) serão os interlocutores desta reunião com o CEO da Lufthansa. Em cima da mesa estará a possível aquisição de 19,9% da TAP, de acordo com informação avançada pelo “Negócios”.

A Lufthansa, depois da ITA Airways, aponta agora à compra de 19,9% da portuguesa TAP. A notícia foi avançada pelo jornal italiano Corriere della Sera neste domingo e dá conta que a Lufthansa procurará comprar uma participação inicial de 19,9% na TAP, citando fontes institucionais portuguesas.

As negociações ainda estão em fase preliminar, disse uma das fontes ao jornal italiano. De acordo com o jornal Corriere Della Sera, o negócio poderá estar avaliado entre os 180 e os 200 milhões de euros.

A proposta, no âmbito da futura privatização da TAP, deve materializar-se “não antes do primeiro trimestre de 2025”, refere o jornal italiano, confirmando uma notícia avançada esta sexta-feira pelo Jornal Económico.

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