Durante muito tempo considerou-se a política cambial um mero instrumento de política macroeconómica, destinado, essencialmente, a combater os desequilíbrios externos e, secundariamente, a atenuar a componente importada da inflação.
Todavia, sobretudo nas economias em vias de desenvolvimento, chegou-se à conclusão de que o rompimento do “círculo vicioso da pobreza” passa, em larga medida, pelo investimento alógeno e que este depende, por sua vez, da componente psicológica do investimento.
Ora, uma política orientada para a estabilidade cambial cria condições propiciadoras de uma efetiva convertibilidade da moeda, influenciando positivamente a componente psicológica do investimento e possibilitando o rompimento do “círculo vicioso da pobreza”.
Tal significa que uma política assente no primado da estabilidade cambial (face aos principais parceiros comerciais) poderá conduzir a um maior ímpeto desenvolvimentista. Daí que se apresente redutor reconduzir a política cambial a um mero instrumento de política macroeconómica de natureza conjuntural.
Em determinadas circunstâncias, a política cambial poderá converter-se em fator de desenvolvimento económico. Foi o que, por exemplo, aconteceu em Cabo Verde com a negociação de um Acordo de Cooperação Cambial com Portugal, o qual foi, posteriormente, alargado, por forma a permitir que se estabelecesse um “peg” do escudo caboverdiano ao euro.
Do que se disse resulta a relevância da política cambial para uma conceção integrada e integradora de desenvolvimento económico. Nem mais, nem menos…