Apesar do que preconizou Francis Fukuyama, a História não terminou, não se tendo verificado a generalização a nível planetário da democracia liberal que poderia indicar que se atingiu o último patamar da evolução sociocultural da humanidade.
Em “Livre – Como me Tornei Adulta no Fim da História”, Lea Ypi dá-nos um retrato fascinante de um desses lugares que teriam marcado esse fim após a derrocada do comunismo e da União Soviética: a Albânia, um dos países mais fechados do mundo durante os anos da Guerra Fria.
As filas intermináveis à porta das lojas, a escassez de produtos, as execuções e a polícia política marcavam o quotidiano de Ypi. Mas, também, a igualdade entre as pessoas e o espírito de entreajuda. Todas estas caraterísticas moldavam o país a que a escritora, nascida em Tirana, em 1979, chamava casa.
Quando, em 1990, tudo mudou – as estátuas de Estaline e Enver Hoxha foram derrubadas, o voto passou a ser livre, já não havia que temer ouvidos indiscretos, a religião voltava a poder ser celebrada publicamente –, a economia do país afundou-se, levando à emigração em massa (sobretudo para Itália), ao aumento da violência e à profusão de esquemas financeiros fraudulentos.
É neste contexto que Ypi cresce e chega à idade adulta. “Livre”, editado pela Casa das Letras, com tradução de Leonardo Ralha, é uma reflexão sobre a liberdade, os limites do progresso, o peso do passado e as esperanças e receios das pessoas apanhadas nos remoinhos da História.
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