A política partidária é assim em todos os países, — ruidosa, hesitante, por vezes irritante —, embora com as naturais diferenças que têm a ver com as idiossincrasias nacionais. E no entanto gostamos todos de julgar os nossos políticos, desvalorizando tudo o que fazem, particularmente em momentos como o que estamos a viver, o da aprovação do Orçamento do Estado para 2025.

Não há qualquer dúvida de que há muitos momentos evitáveis, que há muita dramatização e ilusão em jogo, mas isso também se torna mais difícil de aceitar e digerir porque a nossa atenção sobre o assunto é também ela excessiva e caricatural. Acompanhamos tudo quase ao minuto, os média reportam até o mínimo suspiro dos protagonistas políticos, confundindo o ruído e a estática com o sinal — o sinal, a mensagem, é a substância da política, na verdade a única coisa merecedora de ser notícia de destaque.

O parto do OE2025 está a ter uma gestação particularmente difícil. Mas a responsabilidade não é só dos políticos, embora tudo poderia ter sido diferente com um pouco mais de objectividade e visão de médio prazo. Na realidade, a luta a que estamos a assistir é a consequência directa das eleições de 10 de março e do Parlamento pendurado que resultou desse dia. Portanto, se os resultados eleitorais espelham o que os portugueses querem — então esta foi a nossa vontade colectiva.

Dito isto, vamos ao essencial. O Jornal Económico pensa que é importante que haja orçamento aprovado e acreditamos que o leilão de medidas em curso não serve o país e, nalguns casos, traz despesa pública que só torna os exercícios futuros mais rígidos e difíceis de gerir. Também julgamos excessiva a vontade de o PS governar sentado no banco de trás, procurando converter o primeiro-ministro num motorista contra a sua vontade. Finalmente, lamentamos a contestação à descida do IRC. O país precisa de uma carga fiscal mais baixa para estimular a economia e o desejo de cada português construir o seu negócio ou projecto de vida independente do Estado. Este movimento tem de ser paralelo à contínua remodelação do Estado e ao controlo inteligente da despesa pública. Não é fácil, aliás, é um desafio próximo do impossível, mas que tem de ser tentado e ganho por aproximação.

Esta semana será determinante para sabermos se nos estamos a aproximar ou a afastar deste objectivo. E o ponto de análise tem de ser este. Se o OE2025 é aprovado com o acordo do PS ou do Chega será, a longo prazo, apenas uma nota de rodapé.