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Parceiro da Savannah com Portugal no radar para refinaria de lítio

Portugal é uma possibilidade para os alemães da AMG virem a instalar uma refinaria de lítio. O parceiro (com 16% da mineira britânica) inaugurou recentemente uma destas unidades na Alemanha.
14 Outubro 2024, 07h30

Os parceiros da Savannah no projeto de lítio de Boticas, distrito de Vila Real, têm Portugal no radar para a construção de uma refinaria de lítio.

Os alemães da AMG inauguraram recentemente uma refinaria na Alemanha, mas podem vir a abrir outra em Portugal, revelou o CEO da mineira britânica.

“É em Portugal que temos mais anúncios de projetos para refinarias de lítio, potencialmente quatro. Em Portugal, foram anunciadas quatro refinarias. A da Aurora e a da Lifthium, outra potencial refinaria, e uma potencial refinaria da AMG a prazo”, disse Emanuel Proença na sexta-feira numa call com analistas. “Para um país pequeno e no extremo da Europa, é relevante”.

O responsável deixou elogios ao seu parceiro alemão, pois foi o “primeiro a abrir uma refinaria de grande escala na Europa”. Esta unidade tem a capacidade para refinar o lítio suficiente para fornecer 500 mil baterias por ano, o equivalente a 20 mil toneladas por ano. Até 2030, a previsão é expandir a capacidade desta unidade para produzir 100 mil toneladas por ano de hidróxido de lítio para carros elétricos (o equivalente a 14% da quota de mercado projetada para 2030). A procura anual por lítio para baterias na Europa deverá atingir as 700 mil toneladas cúbicas até 2030.

O gestor destacou a localização da mina como sendo crucial para o sucesso do projeto, apontando para a necessidade ibérica de lítio. “Um em mais de cada cinco carros produzidos na União Europeia é produzido em Portugal e Espanha”

Destacou os projetos próximos para a construção de carros elétricos – um exemplo é a Stellantis em Mangualde, ou o projeto para o carro elétrico da Autoeuropa -, mas também o projeto dos chineses da CALB para uma fábrica de baterias em Sines. “Esta é uma grande oportunidade para Portugal e a Península Ibérica”, resumiu.

Sobre a produção, admite que vão ter de fechar “acordos adicionais”, pois, por agora, entre 50% a 75% da produção não está alocada, tendo já sido contactado pelo sector da cerâmica, que também usa o lítio na sua produção.

Já sobre o envelope do PRR para a Cadeia de Valor das Baterias (Agenda CVB), que conta com 19 empresas a bordo, disse que “não houve desenvolvimentos”. A Savannah esteve reunida com o IAPMEI recentemente, mas não houve avanços devido à mudança recente de presidente. “Esperávamos que o processo estivesse despachado até agora. Gostaríamos de ter o processo a avançar, isto permitiria ter mais financiamento para projetos”.

Em relação a novas áreas de exploração, se vierem a ser abertas pelo Estado, Emanuel Proença disse que estão “atentos a outras oportunidades”, mas que o “mais importante” é o projeto atual, que tem o “melhor recurso”. Considera também que a entrada em operação do seu projeto será “importante para o Governo português mostrar que projeto avançou para leiloar as outras áreas”.

Sobre o potencial da área de concessão e se pretende alargar a área de exploração, rejeitou a possibilidade, “existe potencial”, mas o foco agora é a execução do projeto.

E sinalizou que a casa de investimento CaixaBI iniciou recentemente a cobertura da Savannah, fixando a recomendação em “comprar” com o preço alvo de 7,8 cêntimos de libra (GBx). A companhia disse que conta com o registo de cash mais elevado de sempre: 20 milhões de libras.

Entre os principais investidores na companhia, encontra-se a AMG (16%), o empresário Mário Ferreira (9%) ou a Lusiaves (4%).

Sobre os preços do lítio no mercado mundial, apontou que estão “deprimidos” e a duração desta baixa tem sido “maior do que o esperado”. Olhando para as vendas de carros elétricos, apontou que o mercado mundial cresceu 22% na primeira metade de 2024. Já a procura global de lítio deverá subir 2,6 vezes com a “necessidade crescente de bons carros elétricos e a procura explosiva” deste tipo de veículos. “A Europa vai precisar de muito lítio.

A companhia disse já contar com mais de 100 propriedades na sua área de concessão, admitindo que poderão haver expropriações, mas no “menor número possível”, dando o exemplo de terrenos sem “dono definido” ou “heranças indivisas”.

A produção deve arrancar em 2027, apontando que a partir desta data “arranca o jogo” e a companhia vai começar a ter “outras oportunidades para gerar valor”.

Questionado sobre os protestos locais ao projeto, disse que “nenhum projeto conta com apoios a 100%”, mas que a “maioria da população local percebe hoje o projeto”.

Sobre o panorama geral no país, disse que existe um “bom número de projetos para refinarias e de uma fábrica de baterias. Temos visto interesse de muitas empresas em investir muito no país. Estou muito positivo que Portugal tenha sucesso em construir uma cadeia de valor do carro elétrico”, rematou.

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