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BMW defende fim da proibição de venda de carros térmicos a partir de 2035

Sector automóvel europeu vive momento de “pessimismo”, segundo o líder da marca premium alemã que alerta para os riscos da dependência europeia das baterias chinesas para os veículos elétricos.
15 Outubro 2024, 12h44

A BMW defendeu esta terça-feira o fim da proibição de venda de carros térmicos a partir de 2035 na União Europeia. A meta estipulada pela União Europeia está assim a ser abertamente criticada por uma das principais marcas automóveis do Velho Continente.

“Uma correção da meta de 100% elétricos até 2035 iria permitir às marcas europeias estarem menos dependentes da China para baterias. Para manter o caminho do sucesso, é essencial uma orientação agnóstica em termos de tecnologia”, afirmou esta terça-feira Oliver Zipse (na foto), líder da marca premium alemã, no salão automóvel de Paris.

O ambiente na Europa é de “pessimismo” no sector automóvel, afirmou o líder de uma das marcas que tem estado a apostar em automóveis elétricos, citado pela “Reuters”.

As críticas a uma medida castradora para a indústria automóvel europeia têm sido feitas por outras marcas (Volkswagen ou Renault) e também pelo governo italiano que pedem o adiamento ou o fim da proibição temendo o impacto de pesadas multas.

As marcas optaram por cavalgar a onda da transição energética, mas esta nova crítica parece indicar uma mudança de atitude por parte das companhias que estão numa encruzilhada entre as exigências de Bruxelas, incompreensíveis para muitos, a forte ofensiva chinesa nos carros elétricos, que apanhou a indústria europeia desprevenida (carros a preços competitivos e de qualidade), e um consumidor europeu cada vez mais confuso.

Para juntar à confusão, Bruxelas impõe a proibição de carros térmicos a partir de 2035, prejudicando a indústria europeia, mas impõe mais tarifas aos carros elétricos chineses, prejudicando os consumidores europeus.

Em março de 2023, os países europeus aprovaram legislação para garantir que todos os novos carros a partir de 2035 não podem emitir CO2. Esta agenda da Comissão Von der Leyen veio complicar a vida aos produtores europeus, atrasados perante o desenvolvimento chinês, que também controla a cadeia de valor das baterias, um componente essencial nestes veículos.

A própria Alemanha, um dos principais produtores automóveis mundiais, já rejeitou rever a proibição, defendendo a urgência do combate às alterações climáticas. Nem o encerramento de fábricas da Volkswagen e o despedimento de milhares de trabalhadores levaram Berlim e Olaf Scholz a mudar de opinião, mas talvez os eleitores alemães decidam pelo chanceler nas eleições gerais de 2025.
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