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Subida da temperatura pode reduzir valorização do S&P500 em seis biliões de dólares, diz Bain

A redução da dinâmica sustentável poderá ter um custo tangível, refere o estudo “The Visionary CEO’s Guide to Sustainability 2024” da Bain & Company.
19 Outubro 2024, 10h20

À medida que a Inteligência Artificial (IA), o crescimento, a inflação e a incerteza geopolítica ascendem ao topo das agendas dos executivos das empresas, “assistimos a um declínio acentuado na priorização da sustentabilidade”, adianta o novo estudo “The Visionary CEO’s Guide to Sustainability 2024” da Bain & Company.

Segundo o mesmo estudo, uma subida de 2º Celsius pode reduzir a valorização do S&P 500 em seis biliões de dólares. Este é, segundo a consultora, o custo tangível. Além das consequências ambientais e sociais devastadoras, este aumento poderá aumentar em 1% o custo do capital, e é por essa via que reduz em seis biliões de dólares o valor do índice bolsista de Wall Street.

Mas as conclusões não se ficam por aqui. Segundo a consultora, a capacidade instalada de energia solar global em 2023 foi três vezes superior às estimativas feitas em 2015 para esse ano, graças aos avanços tecnológicos e às subvenções públicas, adianta a Bain & Company.

Cerca de 60% dos consumidores estão hoje mais preocupados com as alterações climáticas do que há dois anos, em grande parte devido a experiências pessoais com meteorologia extrema.

Depois, cerca de 65% dos membros da geração Z devem aumentar investimento em sustentabilidade (o que compara com 53% da geração baby boomers).

Da mesma forma, 63% dos consumidores com rendimentos elevados planeiam gastar mais em produtos sustentáveis, face aos 49% dos compradores que têm rendimentos mais baixos. O estudo revela assim que os consumidores europeus mais jovens e aqueles com maior poder de compra são os que têm uma maior probabilidade de aumentar os seus gastos em produtos sustentáveis nos próximos anos.

O inquérito a 19 mil consumidores acrescenta que 36% dos compradores empresariais (B2B) declaram que renunciam a um fornecedor se este não corresponder às suas expetativas em termos de sustentabilidade.

Este relatório destaca, nomeadamente, que a crise energética provocada pela guerra na Ucrânia acelerou a transição para as energias renováveis, em especial na Europa, impulsionada pela necessidade de reduzir a dependência do gás russo.

No caso específico dos veículos eléctricos, o apoio estatal impulsionou a adoção em massa destes veículos na Noruega, enquanto que a redução dos subsídios na Alemanha em 2023 provocou uma quebra nas suas vendas.

Clara Albuquerque, partner da Bain & Company, refere, citada em comunicado, que “a transição para um mundo sustentável está a seguir um ciclo familiar”.

“O que começou há alguns anos como uma exaltação sem limites deu lugar ao realismo pragmático. À medida que o desafio de cumprir compromissos ousados se torna claro, muitas empresas começam a repensar o que é alcançável e em que prazo. Procrastinar o progresso é um erro. A nossa investigação mostra que muitas tecnologias sustentáveis deverão atingir o seu ponto de viragem mais rapidamente do que o esperado”, afirma.

Condições extremas intensificam preocupação com alterações climáticas

No inquérito da Bain & Company “cerca de 19 mil consumidores em 10 países, 61% dos auscultados afirmaram que as suas preocupações com as alterações climáticas aumentaram nos últimos dois anos, muitas vezes instigadas pela vivência pessoal de condições meteorológicas extremas.”, refere

Quando se trata de compras sustentáveis, os consumidores afirmam que as marcas e os retalhistas desempenham um papel importante no seu processo de tomada de decisão.

“Ainda que a experiência pessoal com condições meteorológicas extremas seja a principal razão para os consumidores dizerem que decidiram comprar produtos sustentáveis, 35% dizem que o fizeram devido a artigos nos media e a documentários, 33% atribuem esta escolha à disponibilidade e 28% a campanhas de sensibilização de crédito por parte das marcas e dos retalhistas”, segundo o estudo.

Clara Albuquerque explica que “esta tendência não se observa apenas na Europa, mas também nos Estados Unidos, onde os consumidores estão dispostos a pagar até 10% mais por produtos com um impacto ambiental mínimo e até 15% mais por aqueles que oferecem benefícios para a saúde”.

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