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Colecionadores atribuíram 52% dos investimentos a obras de novos e emergentes artistas

O inquérito Art Basel e UBS sobre Global Collecting 2024 da Arts Economics revela insights sobre as atitudes e comportamentos dos particulares com elevado património líquido (HNWIs) em 2023 e no primeiro semestre de 2024.
27 Outubro 2024, 14h30

O inquérito da Art Basel e do UBS sobre o colecionismo mundial 2024 (UBS Survey of Global Collecting 2024) revela gastos contínuos em arte e antiguidades por parte de particulares de elevado património (HNWIs – High-Net-Worth Individual) em 2023 e no primeiro semestre de 2024.

Sendo o maior inquérito deste tipo até à data, o relatório revela insights sobre os comportamentos dos compradores em 14 mercados globais e a transferência de riqueza entre gerações dos ricos num contexto de condições de mercado desafiantes.

Da autoria da economista cultural Clare McAndrew da Arts Economics e conduzida em colaboração com o UBS, o inquérito analisa os gastos dos HNWIs, a participação em eventos, as motivações para as suas interações com artistas, galerias e instituições.

Fazendo eco dos insights do Relatório de Riqueza Global 2024 do UBS, que projeta uma transferência de riqueza de 83,5 biliões de dólares nos próximos 20 a 25 anos, a pesquisa investiga também a transferência de riqueza entre gerações de HNWIs e como os colecionadores estão a a preparar-se para herdar e doar obras de arte.

Este inquérito de 2024, o maior até à data, reuniu respostas de mais de 3.660 High-Net-Worth Individual em 14 mercados, incluindo Brasil, França, Alemanha, Hong Kong, Indonésia, Itália, Japão, China Continental, México, Singapura, Suíça, Taiwan, Reino Unido e os Estados Unidos.  Portugal não consta.

Clare McAndrew, autora e fundadora da Arts Economics, diz que “os HNWIs continuam a desempenhar um papel vital no mercado da arte em 2024”.

Os resultados deste inquérito estão alinhados com a nossa pesquisa de mercado mais ampla, revelando níveis de atividade consistentes e robustas, mas com um declínio notório nos níveis médios de despesa por valor.

“Os HNWI inquiridos realizaram transações numa gama mais diversificada de canais e intervalos de preços, em 2023 e 2024, interagindo com mais galerias do que em anos anteriores, incluindo mais galerias recentes. É provável que estas mudanças contribuam para a mudança contínua de foco, afastando-se do segmento restrito de vendas de gama alta que dominou nos anos anteriores, expandindo potencialmente a base do mercado e incentivando o crescimento em segmentos de arte mais acessíveis, o que poderá proporcionar maior estabilidade no futuro”, defende Clare McAndrew.

As principais conclusões do inquérito incluem que há sinais de gastos estáveis.

O investimento mediano (25.555 de dólares) em arte e antiguidades no primeiro semestre de 2024, por parte dos HNWIs inquiridos, é indicativa do nível para o segundo semestre do ano, e poderá antecipar um nível anual estável de despesas.

O forte retorno dos investimento continua. Os 300 HNWIs inquiridos da China continental comunicaram o gasto mediano mais elevado de todos os inquiridos em arte e antiguidades em 2023, bem como no primeiro semestre de 2024, com 97  mil dólares. Este valor foi mais do dobro do de qualquer outra região inquirida no primeiro semestre do ano, seguindo-se a França (38 mil dólares.), a Itália (32 mil dólares.), o Reino Unido (31 mil dólares.) e Hong Kong (28 mil dólares).

A prova da transferência global de riqueza é que 91% dos HNWIs tinham nas suas colecções obras herdadas ou recebidas por testamento ou outro legado, e 72% tinham conservado pelo menos algumas delas.

Apesar da muito debatida questão da mudança de gostos entre gerações, menos de um terço dos inquiridos da geração do milénio e da geração Z referiu a falta de adequação às suas colecções como motivo para vender ou doar obras herdadas.

Colecionar em novas galerias. Os HNWIs demonstraram uma forte vontade de comprar a novas galerias em 2023 e 2024, com 88% dos que compram a revendedores a comprarem a pelo menos numa nova galeria.

O estudo fala do apoio a artistas novos e emergentes. Os HNWIs atribuíram 52% dos investimentos em arte a obras de artistas novos e emergentes, com 21% em meados da carreira e 26% em obras de artistas consagrados (a maioria dos quais eram artistas vivos).

A geração X apresenta a despesa média mais elevada com os inquiridos a apresentaram a despesa média mais elevada em 2023 (578 mil dólares), e a sua liderança continuou na primeira metade de 2024, com níveis mais de um terço superiores aos da Geração Y e o dobro da Geração Z e das gerações mais velhas.

A redução da compra por impulso e aumento do colecionismo de artistas femininas é outra das conclusões. A compra por impulso diminuiu de 10 % em 2023 para 1 %, com os inquiridos a privilegiarem a pesquisa de antecedentes antes da compra.

A percentagem de obras de artistas femininas nas coleções de HNWI inquiridas atingiu um máximo de sete anos, com um rácio de 44% em relação às obras de artistas masculinos.

Os HNWIs mantêm-se optimistas num mercado complexo. Os gastos no primeiro semestre de 2024 mostraram sinais de estabilização, e 91% dos HNWIs inquiridos estavam otimistas quanto ao desempenho do mercado global de arte nos próximos seis meses, acima dos 77% no final de 2023

Para Paul Donovan, economista-chefe da UBS Global Wealth Management, “após uma recessão, a riqueza mundial recuperou em 2023. Este facto é tranquilizador para o mercado global de arte, que tem demonstrado uma resiliência contínua face à incerteza”.

O UBS Global Wealth Report 2024 revela que se espera que mais de 84 biliões de dólares mudem de mãos durante as próximas duas décadas, acrescenta.

“À medida que a grande transferência de riqueza ganha ímpeto, veremos parceiros, cônjuges e filhos assumirem colecções e tornarem-se eles próprios colecionadores”, diz Donovan que defende que “estes novos colecionadores trarão novas perspectivas, adoptando frequentemente novas estratégias mais orientadas para um objetivo”.

Já Noah Horowitz, CEO da Art Basel, diz que “o Art Basel deste ano e o UBS Survey of Global Collecting mostram que a queda na despesa média entre os HNWIs da geração do milénio foi impulsionada pela redução da atividade dos compradores de topo de gama, refletindo uma mudança mais ampla do mercado”.

“Apesar disso, a despesa média em 2023 e na primeira metade de 2024 manteve-se sólida, com um foco crescente em artistas novos e emergentes, e a participação em eventos relacionados com a arte ultrapassou os níveis pré-pandémicos”, acrescenta.

“Como uma empresa global, reconhecemos o contexto desafiador do mercado e continuamos comprometidos em promover maneiras novas e inovadoras para que a próxima geração de colecionadores se conecte com nossas galerias e seus artistas – tanto em nossas exposições quanto fora delas”, conclui.

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