Num momento em que impera a mobilização de diversos stakeholders, a agenda deste evento, compreende um conjunto de iniciativas e alguns outcomes onde se destacam a Baku Initiative for Climate Finance, Investment and Trade (BICFIT), o Climate Finance Action Fund (CFAF), os compromissos para a energia verde, e o desenvolvimento humano para a resiliência climática, entre outros.
Recentemente, e muito oportuno no tempo, foi publicado o Emissions Gap Report 2024 da UNEP que revela que as emissões globais de gases com efeito de estufa (GEE) atingiram um recorde em 2023, pronunciando a necessidade de uma redução de 42% até 2030 para manter a possibilidade de limitar o aquecimento global a 1,5°C. Este relatório destaca ainda que os países do G20, responsáveis pela maioria das emissões, não fizeram progressos suficientes.
Neste contexto, é imperativo um forte alinhamento das empresas na agenda de mitigação das alterações climáticas e na adaptação a uma economia compatível com o objetivo do 1,5ºC.
O ponto de partida para as empresas reduzirem o seu impacte no clima, é conhecerem a sua pegada de carbono. Este processo envolve a quantificação de GEE associadas às suas operações diretas e indiretas, incluindo a cadeia de valor. Este mapeamento é critico para identificar as principais fontes de emissões e para o estabelecimento dos seus roteiros de descarbonização, com metas especificas de redução e os investimentos necessários para a sua concretização.
Sob este pressuposto, é importante que as empresas alinhem os seus roteiros de descarbonização com a ciência, através da iniciativa Science Based Targets, e caso aplicável, com os roteiros de descarbonização do setor onde se inserem (como os desenvolvidos em Portugal, no âmbito do PRR). Esta é a expetativa da Comissão Europeia, que incita às empresas a implementação de planos de transição climática desenhados neste sentido, e ao reporte desta informação de acordo com os requisitos da Corporate Sustainability Reporting Directive.
Em paralelo, e para informar os investimentos necessários para a descarbonização, as empresas devem avaliar os riscos associados às alterações climáticas para diminuir a sua exposição aos mesmos. Isso inclui a análise dos riscos físicos, como eventos climáticos extremos, e dos riscos de transição, como alterações regulatórias e de mercado. A avaliação de riscos climáticos permite às empresas desenvolver estratégias de adaptação que aumentem a resiliência das suas operações e infraestruturas.
De enfatizar que as alterações climáticas podem-se traduzir em oportunidades para as empresas. A agenda de adaptação às alterações climáticas, oferece um vasto leque de possibilidades para inovação e desenvolvimento de novos produtos e serviços. As empresas podem destacar-se no mercado ao investir em tecnologias limpas, promover a economia circular e desenvolver soluções que minimizem o impacte nos ecossistemas e biodiversidade.
A COP 29 representa uma oportunidade crucial para reforçar o compromisso global no combate às alterações climáticas e relevar o papel das empresas na sua capacidade de liderar esta transição para uma economia neutra em carbono.