No mundo digital de hoje, o marketing de influência tornou-se uma estratégia indispensável, especialmente em setores onde a confiança é fundamental — é o caso da saúde.

Os influenciadores de saúde podem criar uma ponte entre a experiência profissional e a consciencialização pública, oferecendo conteúdos confiáveis que ajudam as pessoas a tomar decisões informadas. Além disso, esta ferramenta pode ajudar estes profissionais a promoverem comportamentos que são bons para a sociedade como um todo e que promovem a saúde, de um modo geral.

Esta ferramenta, se bem usada, pode ajudar na prevenção de doenças, no diagnóstico precoce de outras e na desmitificação de algumas condições. Ainda no passado mês de outubro vimos o modo como algumas marcas se associaram à promoção da saúde mental de uma forma muito impactante. Ter um influenciador associado a estas questões é, por isso, uma importante estratégia de comunicação.

Qual é, então, o grande problema associado ao uso desta forma de atuar em termos de comunicação, na área da saúde? É que, se por um lado os profissionais de saúde, nomeadamente os portugueses, parecem gostar pouco da exposição a que esta ferramenta obriga, há ainda a realçar que, em muitos casos, quem usa esta ferramenta não são profissionais de saúde, mas – apenas – personalidades públicas com grande alcance mediático, ainda que com poucos conhecimentos técnicos. Não é que só possa ser usada por médicos, mas é necessário que profissionais de capacidade validada na área em questão aprovem os conteúdos e se responsabilizem pelas interações com o público-alvo.

De facto, a saúde é demasiado importante para ser deixada apenas nas mãos de personalidades populares com conhecimento limitado em saúde. Esses influenciadores podem, sem querer, espalhar desinformação ou exagerar a eficácia de certos tratamentos, levando a equívocos ou até a práticas prejudiciais. Pessoas sem conhecimento suficiente podem promover produtos ou práticas sem suporte científico, baseando-se apenas na popularidade ou em incentivos financeiros. Isso pode enfraquecer os esforços de saúde junto do público e prejudicar a confiança em fontes legítimas.

Assim, profissionais e organizações de saúde precisam de assumir um papel ativo na formação das narrativas sobre temas de saúde online, e vestir a camisola das causas que os sensibilizam. Lamentar a proliferação de “curandeiros” e mezinhas e de pseudo-profissionais em áreas tão variadas como os “endireitas”, os “psiquiatras de divã” ou os “quase-dentistas”, é insuficiente sem uma narrativa consistente e um compromisso sólido com o conhecimento técnico e a responsabilidade.

A presença de influenciadores de saúde — desde profissionais licenciados até pessoas que, apoiadas por profissionais de saúde, partilhem elas mesmas a forma como superaram desafios de saúde — cria oportunidades únicas. Esses influenciadores conseguem engajar de forma muito próxima os seus seguidores ao compartilharem experiências pessoais e relacionáveis, gerando assim um nível de confiança que a publicidade tradicional muitas vezes não consegue alcançar, nem que queira, especialmente num campo tão sensível como a saúde.

O marketing de influência focado em saúde pode promover consciencialização, incentivar comportamentos saudáveis e combater estigmas sobre temas como saúde mental, doenças crônicas e cuidados preventivos. Por isso, para enfrentar esta questão, organizações e profissionais de saúde devem envolver-se diretamente nas campanhas de marketing de influência. Ao colaborarem com influenciadores de saúde, podem garantir que as mensagens são precisas, baseadas em evidências e transmitidas de forma responsável.

Trabalhar com influenciadores genuinamente comprometidos com a saúde pode aumentar a credibilidade e a eficácia das campanhas. Estas organizações, não só ampliariam o seu alcance, como também poderiam consolidar uma base mais sólida e informada para a disseminação de informações de saúde online.

De realçar que é fundamental que haja simplicidade na transmissão de conteúdos e que estes profissionais de saúde estejam disponíveis para aprender com os próprios profissionais de marketing de influências sobre quem são os influenciadores mais capazes para comunicar determinados conteúdos, e de que forma o deverão fazer.

Em resumo, os profissionais de saúde têm um papel crucial no cenário do marketing de influência. Ao participarem ativamente e orientarem essas campanhas, eles podem assegurar que as informações sobre saúde partilhadas online são confiáveis e impactantes — contribuindo, em última instância, para uma sociedade mais saudável e bem informada.