O ecossistema mundial das startups reuniu-se, esta semana, em Lisboa. Todos os anos, sempre que começa a cimeira da tecnologia e do empreendedorismo ouvimos os ‘velhos do Restelo’ proclamarem um fim antecipado do evento, porque, segundo os mesmos “está (sempre) a perder gás’.
Ano após ano, ouve-se o mesmo ruído de fundo. Sei do que falo por ter liderado uma publicação económica que foi a primeira media partner do evento em Portugal e ter vivido, por dentro, cada uma das cimeiras.
Ontem terminou a nona edição, em Lisboa. Em cada uma delas, vi a Web Summit crescer, ocupar mais espaço, captar mais startups e maior presença de players internacionais.
Quem não visita a Web Summit tem dificuldade em perceber a dinâmica, por não ser uma simples feira, mas antes um espaço onde 16 palcos partilham conhecimento com grandes experts e plateias repletas, onde se discutem temas de vão desde a inteligência artificial até ao marketing digital, da inovação à captação de investidores e planos para pôr em marcha rondas de capitais efetivas. Por exemplo, os maiores VC de Londres passam sempre por aqui. Esses venture capital não se anunciam, não fazem manchetes de jornal, optam antes pela descrição e tiro certeiro.
O evento deste ano ocupou os cinco pavilhões da FIL e o Altice Arena. Um encontro internacional onde se apresentaram empresas em fase semente (seed), startup, scaleup ou unicórnio. O tema em destaque foi a inteligência artificial e um dos oradores maiores, no palco central, foi Brad Smith, presidente da Microsoft. O gestor considera que a IA – Inteligência Artificial é o próximo motor da revolução industrial. Smith comparou o impacto da inteligência artificial ao surgimento da eletricidade no século passado.
Contrariando os tais ‘velhos do Restelo’, o evento deste ano voltou a ser um shot com gás. Até à hora de fecho desta edição, tinha recebido 70 mil participantes e um recorde de 3000 startups inscritas.
Portugal, como país anfitrião, não dececionou: 125 startups nacionais integraram a Web Summit, mostraram as suas inovações e tentaram a sua sorte junto dos investidores. Entidades, como a Startup Portugal, posicionaram-se para ajudar as empresas portuguesas a estabelecer contactos para crescer para outros mercados e para ligar Lisboa a outras cidades e mercados globais, na tentativa de trazer inovação e investimento para Portugal. E é bom que o façamos, enquanto país, porque a novidade mais visível na cimeira deste ano foi a forma como ganharam protagonismo vários países, com exposições imponentes, forte investimento e rondas de reuniões intensas para captação de investimento para as suas ‘casas’. Exemplos: Itália, Turquia, Qatar, Dubai e o Brasil.
Por tudo isto, mantenhamos o olho vivo e façamos ouvidos de mercador perante os descrentes. Posicionar o país entre os melhores, os mais inovadores e ambiciosos é o caminho inevitável para crescer e inovar. Sem ambição, ficamos para trás, agarrados à história, com orgulho, mas sem rasgo.