O papel das cimeiras
A próxima cimeira entre Portugal e Brasil está marcada para 19 de fevereiro de 2025, em Brasília e promete consolidar uma nova fase da histórica relação entre os dois países.
O anúncio, feito pelo primeiro-ministro Luís Montenegro durante um evento em São Paulo, reforça a crescente relevância estratégica desse diálogo bilateral, num momento de intensificação dos fluxos migratórios, expansão das indústrias criativas e fortalecimento das relações econômicas.
Com a participação dos presidentes de Portugal e Brasil, o encontro terá um caráter emblemático, dado o sucesso da última cimeira, realizada em Lisboa em abril de 2023, após anos de interrupção. Na ocasião, foram assinados 13 acordos bilaterais, incluindo medidas significativas para a mobilidade e integração de cidadãos brasileiros e portugueses, mas que ainda hoje é um dos gargalos no movimento migratório sul-norte.
Apesar das expectativas iniciais de que o novo governo de direita em Portugal pudesse criar tensões, a relação entre os países foi fortalecida. Durante um almoço na Casa de Portugal, em São Paulo, Montenegro garantiu que o acolhimento de brasileiros em Portugal seguirá prioritário, com a manutenção de iniciativas como a Mobilidade da CPLP, que já transformou milhares de vidas.
O premiê destacou ainda o papel estratégico das indústrias criativas, como música, audiovisual, literatura e artes de palco, bem como da arquitetura e do setor imobiliário, como motores do crescimento econômico bilateral. O compromisso é claro: transformar a conexão histórica em uma alavanca para o desenvolvimento sustentável de ambos os lados do Atlântico.
Outro elemento central dessa relação é a ponte aérea liderada pela TAP, que conecta Lisboa a diversas capitais brasileiras, como Brasília e Belo Horizonte, sem escalas. A rota diária entre Brasília e Lisboa, única no seu gênero entre a América do Sul e a Europa, simboliza mais do que uma ligação física; ela é o emblema de um corredor geopolítico que liga Norte e Sul em pé de igualdade.
Essa conexão direta entre as capitais reforça a circulação de ideias, investimentos e cultura, além de consolidar uma alternativa ao atual cenário de bipolaridade global, marcado pela disputa entre Estados Unidos e China. A cimeira de fevereiro, assim, surge como mais um passo na construção de um eixo inovador, unindo Portugal e Brasil e através deles a América do sul e a Europa.