[weglot_switcher]

Miguel Saraiva: O arquiteto que fundou o mais internacional ateliê português

O maior e mais internacional ateliê de arquitectura do país foi fundado por Miguel Saraiva, 56 anos, que continua a crescer e a ganhar reputação internacional. Os primeiros negócios fora do país serviram para perder dinheiro e aprender. Hoje, os clientes globais já batem à porta da Infante Santo. É dele a sede da PJ, já fez hospitais e a torre “Trevo”, em Lisboa.
22 Novembro 2024, 08h32

O sonho moderno de alguns portugueses é ter uma sala de estar com cozinha acoplada: uma ilha construída numa madeira resistente aos riscos e embates culinários, em alumínio – há gostos extraordinários –, ou então mármore, como o que há nos talhos. Os programas australianos e canadianos sobre remodelações caseiras que passam nos canais portugueses têm levado às lágrimas várias mulheres, como se aquela ilha que antecipa a sala fosse, na verdade, nada menos do que o símbolo do status social, a meta finalmente atingida, a expressão do gosto que bebe do ar do tempo e que os amigos vão apreciar com a doce mistura da inveja saudável ou com uma colher de chá de rancor.

A ilha, ou melhor, a cozinha intervalada pela sala, mas não dividida por uma parede de betão, ligando as duas num espaço contínuo é, de certa forma, o que a lareira já foi para muita casa portuguesa dos anos 70 e 80 do século passado: a jóia do castelo, o epicentro da vida familiar, mesmo que isso, na prática, acabe por nunca ou raramente acontecer. O arquitecto Miguel Saraiva, fundador e accionista de referência do ateliê Saraiva e Associados (S+A) – ele tem a exacta metade do capital, embora mantenha total controlo artístico e autonomia – não é fã desta escolha de design de interiores. Para dizer a verdade, não gosta desta pandemia de ilhas caseiras. Não se trata de soberba. Não é elitismo ou afirmação pela diferença: ele pensa que a escolha apenas funciona mal, provoca, entre outras coisas, uma mistura de cheiros – “A nossa comida temperada preenche o ar do espaço, os livros e os quadros e outros objectos perdem espaço para as panelas e as loiças, o espaço natural da sala perde algum carácter e conforto.” E depois há outro ponto que considera relevante: “Imagine que tem a sorte de ter uma empregada a cozinhar… a preservação do espaço de cada um é importante. Estar na própria casa é estar à-vontade, não sentir o cheiro que vem do forno…”.

Conteúdo reservado a assinantes. Para ler a versão completa, aceda aqui ao JE Leitor

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.