“A parceria dos Estados Unidos com Angola está a proporcionar grandes investimentos em transporte, energia limpa e outros projetos que vão conectar ainda mais a nação do sul da África à economia global e aumentarão oportunidades”, refere uma nota oficial da administração Biden – que iniciou esta segunda-feira, 2 de dezembro, uma visita ao Estado africano (depois de passar fugazmente por Cabo Verde). Mas o grande investimento – no qual os parceiros exteriores de Angola apostam decisivamente – é o chamado Corredor do Lobito.
O comunicado disso dá conta: “Os Estados Unidos e parceiros do G7, Itália e União Europeia estão a investir no Corredor do Lobito, uma rota comercial que ligará o Porto Atlântico do Lobito, em Angola, à Zâmbia e à República Democrática do Congo por meio de ferrovia e vários outros projetos”. Para a administração Biden, “o Corredor revitalizado, parte da Parceria para Infraestrutura e Investimento Global (PGI), dos Estados Unidos e do G7, estimulará o crescimento econômico por via de infraestrutura de transporte, conectividade digital, recursos de saúde, energia limpa e projetos de desenvolvimento agrícola”.
No primeiro dia da visita de três dias foi anunciado, agora pelo governo angolano, a criação de um fundo de garantia de 120 milhões de dólares destinado (cerca de 114 milhões de euros) para apoiar empresas interessadas em investir ao longo do Corredor do Lobito.
O ministro do Planeamento, Victor Hugo Guilherme, revelou que o fundo servirá para que os bancos possam emitir garantias de crédito a empresários específicos que investem em áreas como agricultura, indústria e comércio.
Este fundo pode, através da “engenharia financeira”, aumentar o valor das garantias, permitindo também que estas se transformem em empréstimos para os investidores. O Corredor do Lobito, que liga o porto de Lobito, em Angola, à Zâmbia, passando pela República Democrática do Congo, é um projeto estratégico tanto para Angola como para a comunidade internacional.
A infraestrutura transportará minerais necessários para a produção de energia limpa e impulsionará o comércio e o desenvolvimento regionais ao melhorar o acesso a mercados globais.
Vale a pena recordar que Angola possui 36 dos 51 minerais considerados mais críticos do mundo, nomeadamente crómio, cobalto, cobre, grafite, chumbo, lítio, níquel e outros, que representam uma “oportunidade geracional” para o governo angolano, segundo afirmava há meses o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, no Fórum Angolano de Investimento Mineiro, enquadrado na Conferência Mining Indaba 2023, que decorreu na Cidade do Cabo. De recordar ainda o facto de Angola ter decidido sair da OPEP há exatamente um ano – ganhando assim autonomia negocial e independência face às opções estratégicas e quase sempre geopolíticas da organização controlada pelos países produtores da Península Arábica.
De qualquer modo, outras iniciativas ainda na área das infraestruturas apoiadas pelos EUA incluem: “Empréstimos que totalizam 2,5 mil milhões de dólares com o objetivo de construir estações de energia solar; a garantia de um empréstimo de 363 milhões para a construção de 180 pontes modulares de aço necessárias à modernização do sistema rodoviário de Angola; e uma doação de um milhão de dólares para ajudar o Ministério dos Transportes de Angola a desenvolver uma parceria público-privada com o intuito de gerir investimentos adicionais no porto e na ferrovia.
O setor agrícola não foi esquecido. “Apesar de seus 40 milhões de hectares de terras cultiváveis, Angola tradicionalmente importa a maior parte de seus alimentos. Agora, com o apoio dos Estados Unidos e de outros parceiros, Angola está pronta para tornar-se um centro agrícola. Por via do PGI, os EUA apoiam os esforços do Grupo Carrhino, o maior produtor de alimentos de Angola, que visa construir um fornecimento confiável de alimentos locais para Angola e para a região. O Carrhino fornece aos agricultores sementes, fertilizantes e dinheiro para expandir os seus negócios”.
A Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), em parceria com a ExxonMobil, a Azule Energy e o Grupo Simples, “está a capacitar mulheres em zonas rurais de Angola em técnicas agrícolas, alfabetização e outras matérias necessárias, visando garantir direitos à terra, acesso a empregos e aumento da produtividade agrícola”.
O governo angolano pretende chamar investidores para desenvolver a indústria de transformação mineira e criar escolas técnicas ao longo do corredor, contribuindo para o desenvolvimento económico e social da região. O projeto atraiu interesse internacional, especialmente dos Estados Unidos da América e da União Europeia, e poderá ser replicado na região sul do país.
O Corredor do Lobito é o primeiro projeto a ser lançado sob a Parceria para as Infraestruturas e Investimento Global do G7 (PGI), com o apoio da União Europeia, Estados Unidos da América, Angola, República Democrática do Congo e Zâmbia. O projeto prevê benefícios económicos de aproximadamente 3 mil milhões de dólares (cerca de 2,7 mil milhões de euros), a criação de mais de 1.250 postos de trabalho e uma redução significativa nas emissões de gases atmosféricos.
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