Nos últimos anos, a economia brasileira alternou momentos de otimismo com períodos de frustração. Cresceu 2,9% em 2023 e, em 2024, acelerou para 3,3%. É o tipo de número que enche manchetes, mas, como tudo no Brasil, a história por trás é mais complicada. Boa parte desse crescimento veio do consumo das famílias e de investi mentos em infraestrutura, especialmente energia renovável, onde a EDP, uma empresa com origem portuguesa, se destaca investindo em diversos estados do Brasil. Parece bom, certo? Só que muito disso é cíclico, ou seja, depende mais de ventos momentâneos do que de mudanças profundas na economia. Além disso, o Brasil olha demais para o mundo lá fora: a soja, o petróleo e o minério de ferro continuam como os grandes trunfos. Quando os preços dessas commodities estão altos, ganha força. Quando caem, como começou a acontecer em 2024, logo se sente o impacto. A dependência das exportações de matérias–primas deixa o país vulnerável a fatores externos. A China desacelera? Sofremos. O dólar dispara? Mais problemas. A diversificação da economia, que poderia nos proteger, ainda avança devagar. Outro entrave é baixa produtividade. Em termos simples, produz-se menos do que o que se poderia produzir porque existem problemas antigos que se arrastam. Educação fraca, estradas ruins, burocracia demais. E, enquanto isso vai mudando – quase sempre lentamente — o crescimento verdadeiro fica longe. Algumas reformas estão feitas, como a lei do trabalho e a lei base (março) do saneamento, mas, no Brasil, reformar é sempre mais lento do que deveria. Agora, 2025 já aparece no horizonte com previsões de crescimento mais modesto, em torno de 2,4%. Não é um colapso, mas é um sinal de que o ritmo de 2024 talvez não dure. O Banco Central ainda segura os juros em patamares altos, o que encarece o crédito e desanima quem quer investir ou consumir. Então, como entender o crescimento do Brasil sem errar? Primeiro, não confunda recuperação cíclica com progresso real. Crescer “um pouco” não resolve os problemas estruturais. Segundo, lembre que o Brasil são 27 países de contrastes. Cresce sempre e, ao mesmo tempo, deixa muita gente para trás. O Brasil é um gigante, mas, como todo gigante, carrega um peso enorme. Para que, como um todo, ele ande mais rápido, precisa de ajustar o passo e, principalmente, o caminho.