[weglot_switcher]

ETF’s da Bitcoin e Ethreum responsáveis por entradas de capital superiores a 30 mil milhões de euros

Em janeiro, o regulador norte-americano (SEC em inglês) aprovou os ETF’s da Bitcoin e, em julho, os de Ethreum. De acordo com os dados da corretora XTB, disponibilizados ao Jornal Económico, em termos de valor de ativos, a Bitcoin atinge os 101,6 mil milhões de dólares (96,7 mil milhões de euros) enquanto que a Ethreum se fica pelos 9,4 mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros).
16 Dezembro 2024, 14h13

Os Exchange Traded Fund (ETF) da Bitcoin e da Ethreum, que tiveram a ‘luz verde’ do regulador norte-americano (SEC, na sigla em inglês), em janeiro e julho deste ano, têm tido uma “grande adesão” de investidores, refere o analista da XTB, Henrique Tomé, ao Jornal Económico (JE). Os dados fornecidos pela corretora ao JE indicam que a Bitcoin é responsável por entradas de capital de 31,7 mil milhões de dólares (30,2 mil milhões de euros).

Os ETF’s são compostos por uma carteira de ativos, como se fossem “um bolo com muitas pequenas fatias”, como classifica a Deco Proteste. “Nos ETF, a respetiva carteira é simplesmente uma cópia de um índice bolsista [neste caso seriam uma “cópia” da Bitcoin e Ethreum”, explica a Deco Proteste.

Ainda no campo das entradas de capital (ver tabela), e no que diz respeito aos ETF’s da Bitcoin, lidera o ETF da Fidelity com 11,4 mil milhões de dólares (10,8 mil milhões de euros).

Em termos de valor de ativos (ver tabela), a Bitcoin atinge os 101,6 mil milhões de dólares, ou 96,7 mil milhões de euros, enquanto que a Ethreum se fica pelos 9,4 mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros).

Por valor de ativos, na Ethreum, lidera o da Grayscale com 5,3 mil milhões de dólares (cinco mil milhões de euros), e no da Bitcoin está à frente o da Blackrock com 48,4 mil milhões de dólares (46,1 mil milhões de euros).

 

 

 

 

 

Bitcoin lidera na volatilidade

Apesar do ETF da Bitcoin ter colocado mais dinheiro no mercado, como pode ser verificado nas tabelas, por outro lado a Bitcoin mostra um nível de volatilidade (ver tabela) muito mais elevado relativamente a outras classes de ativos. Os dados da XTB referem que a volatilidade a um ano da Bitcoin atinge os 72,9%, o que contrasta com os 6,4% do ‘total bonds markets‘ (mercado de obrigações), que possuem o nível mais baixo de volatilidade. O mais próximo da Bitcoin são as ‘commodities‘ (mercadorias) que se fixam em 26,4%.

Pelo meio encontram-se outras classes de ativos como o ouro, os mercados emergentes e o imobiliário.

 

 

ETF’s da Bitcoin e Ethreum com grande procura

O analista da XTB, Henrique Tomé, diz ao Jornal Económico que a adesão aos ETF’s da Bitcoin e da Ethreum está a ser “grande” por parte dos investidores tradicionais.

“A entrada dos ETF’s foi acompanhada por uma grande procura por esta nova classe de ativos”, sublinha Henrique Tomé.

Referindo-se às entradas de capital, que no caso dos ETF’s da Bitcoin supera os 30 mil milhões de dólares (28,5 mil milhões de euros), Henrique Tomé diz que esta entrada de capital “não se deve apenas aos investidores de retalho, deve-se também aos fundos de investimentos, onde muitas instituições passaram a alargar ainda mais a oferta de produtos aos seus clientes high net worth (clientes com níveis de riqueza elevados)“.

No caso dos ETF’s da Ethreum, Henrique Tomé sublinha que as entradas de capital “não são tão significativas”, se compararmos com a Bitcoin.

“Ainda assim, esta divergência nos valores de captação é normal, uma vez que se trata de uma nova classe de ativos e os investidores estão, aos poucos, a ganhar confiança”, explica Henrique Tomé.

“Como a Ethreum tem características de volatilidade diferentes da Bitcoin, tende a variar mais, o que pode ser um obstáculo para os investidores mais tradicionais e para aqueles que não pretendem adicionar mais risco à curva de eficiência do seus portfólios”, considera o analista da XTB.

Perspetivas de futuro estão dependentes da conjuntura macroeconómica

Questionado sobre qual pode ser a tendência para este tipo de produtos, Henrique Tomé diz que fatores como as perspetivas da economia no futuro próximo e a conjuntura macroeconómica desempenham “um papel vital” no sector, tendo em conta que se trata de uma classe de ativos “extremamente volátil e muito associada” ao capital de risco (VC).

“Isto porque uma percepção mais pessimista dos investidores sobre o futuro da economia global vai inevitavelmente afetar a captação de capital por parte dos protocolos em web 3, ao mesmo tempo que deverá afastar os VC’s do mercado, o que levaria a uma falta de aposta e um declínio do mercado”, explica Henrique Tomé.

Mesmo perante este contexto, Henrique Tomé sublinha que as perspetivas para o próximo ano “parecem ser promissoras”, se tivermos em conta que as perspetivas sobre a economia americana “permanecem positivas e que a economia continua a crescer ao mesmo tempo que a inflação abranda e o emprego permanece estável”.

Henrique Tomé reforça que a isto se junta a introdução de “fortes estímulos” económicos na China, o que, no entender do analista da XTB, “poderá contribuir também positivamente para este cenário otimista”.

Questionado sobre os riscos que podem existir para quem investe neste tipo de produtos (ETF de Bitcoin e/ou Ethreum) e se as pessoas estão cientes desses riscos, Henrique Tomé sublinha que a percepção do risco pode, por vezes, mudar quando os investidores começam a observar “fortes valorizações” em vários ativos, neste caso em várias criptomoedas.

“É importante ter consciência de que o mercado (em geral) funciona por assimetrias, ou seja, se um ativo oferece uma oportunidade de retorno acima da média é porque ao mesmo tempo oferece também um risco superior à média. Portanto, os investidores neste sector devem estar cientes de que há riscos (bastante) elevados, e este mercado não é transversal para todos os perfis de risco”, diz Henrique Tomé.

O analista da XTB considera que este é um mercado em “ascensão” e, para além do “investir e esperar” (buy and hold), há também “muitas mais alternativas de investimentos que possibilitam gerar yield adicional” sobre os ativos que possuem, como vários protocolos em DeFi (abreviatura para finanças descentralizadas).

“No entanto, por vezes, neste tipo de alternativas acabam por existir também esquemas fraudulentos, onde é preciso ter cautela”, alerta Henrique Tomé.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.