Natal é sempre Natal. A alegria e o espírito solidário sentem-se no ar e queremos oferecer presentes especiais que transmitam afecto. Fotografias antigas, peças de roupa de quando éramos bebés, jóias de família ou peças de serviços de mesa das avós são sempre êxito garantido, não é? Algo com história, que una passado e futuro, é sempre tocante. Isso explica que na época natalícia exista um aumento da procura por objectos que representem nostalgia e união familiar, com valor duradouro.
Exemplos paradigmáticos são os produtos que aliam tradição e luxo. Marcas como a Chanel, a Swarovski ou a nossa Vista Alegre, com as suas peças que são verdadeiras obras de arte, são escolhidas por quem quer oferecer algo realmente especial.
Contudo, as empresas centenárias enfrentam um desafio semelhante ao do próprio Natal: serem fiéis à sua matriz histórica, mantendo-se actuais.
Não há fórmulas mágicas nem uma solução única para a longevidade das marcas com centenas de anos de existência e nos momentos de dificuldade, há decisões difíceis a tomar. Sim, um turnaround financeiro implica extensas reestruturações. As empresas históricas que sobreviveram aos invernos financeiros introduziram profundas mudanças. Muitas renegociaram dívida, libertando capital para investir em modernização e inovação. Outras atraíram capital de risco e investimento dedicado à revitalização de empresas históricas. Quase todas implementaram uma gestão lean, com metodologias enxutas de optimização de recursos.
Ser relevante num mercado global cada vez mais competitivo e num mundo em constante mudança não é tarefa fácil. E o grande teste é o das dificuldades financeiras. Algumas empresas sucumbem, outras reinventam-se, revitalizam-se e prosperam. A Chanel, por exemplo, soube reinventar-se no pós-Segunda Guerra Mundial. Reestruturou dívida, modernizou a produção e resgatou a sua essência, com o regresso da própria Coco Chanel à liderança da empresa, aos 71 anos de idade. A Swarovski atravessou uma grave crise concorrencial, no início do século XXI, renovando os seus processos e adoptando uma estratégia de focalização no mercado de luxo. A Vista Alegre recuperou financeiramente da falência técnica, após a aquisição pelo grupo Visabeira em 2009, com renegociação da dívida, adopção de práticas de gestão lean e investimento em design, tecnologia e inovação, o que lhe permitiu consolidar-se como marca de luxo.
E, claro, faz sempre toda a diferença a liderança visionária de um grande timoneiro, o seu saber olhar longe. Por isso, no Natal, como nos negócios, o presente perfeito é o que fica para o futuro. Porque é no futuro que as empresas centenárias encontram força: reinventando-se, investindo e inovando, sempre de olhar posto ao longe e ao alto.
Que os nossos presentes contem histórias, como as partilhadas na infância, em casa dos avós, à volta da grande fogueira da noite de 24 de Dezembro. Histórias de cabos das tormentas transformados em cabos da boa esperança.
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.