Em 2025, o Banco Central Europeu (BCE) deverá continuar a descer as taxas de juro de referência, sobretudo no primeiro semestre. O mesmo deverá acontecer às Euribor, mas, neste caso, boa parte do caminho já foi percorrido em 2024.

  1. Taxas de referência

Em 2024, já perante sinais evidentes de descida da inflação e de enfraquecimento da atividade económica, o BCE optou por manter as taxas de juro de referência em níveis desnecessariamente altos por demasiado tempo.

Por um lado, esse facto espelhava as divisões no Conselho de Governadores, onde alguns membros mostraram, como em tantas vezes, que a sua aversão à inflação os impede de ter uma postura analítica que permita chegar a decisões corretas. Por outro, foi um contexto que permitiu capitalizar a banca com o aumento significativo da sua margem financeira. Entretanto, ao longo do ano o BCE lá foi reconhecendo o espaço e a necessidade de juros serem mais baixos, cortando os juros quatro vezes, a última das quais em dezembro.

O BCE tem vindo a “cantar vitória” na luta contra a inflação, destacando a adequabilidade da sua política monetária. Sucede que boa parte dos fatores que provocaram a subida da inflação, e que também permitiram o seu recuo, pouca ou nenhuma relação tiveram com o BCE: preços da energia, alimentos e questões logísticas.

Para 2025, espera-se que as taxas continuem a descer, prevendo-se mais quatro cortes de 25 pontos base, colocando a principal taxa de referência em 2%. Alguns analistas argumentam que a fraqueza da economia europeia, que poderá conhecer novo capítulo com as medidas que Trump ameaça implementar, justificarão juros ainda mais baixos. Não sendo uma impossibilidade, até porque 2025 implicará desafios consideráveis, o BCE deverá mostrar resistência a fazê-lo para preservar a ferramenta taxa de juro no arsenal da política monetária.

  1. Euribor

As taxas Euribor têm vindo a recuar há bastantes meses. Por exemplo, a Euribor a 12 meses atingiu o seu máximo em setembro de 2023, acima de 4,20%, preparando-se para fechar 2024 um pouco abaixo de 2,50%. Para 2025, esta referência deverá continuar a recuar até perto de 2%, pelo que a maior parte da descida já está feita. O mesmo pode ser dito da referência a seis meses, que deverá fechar este ano a 2,60% (fez o máximo um pouco acima de 4,10% em outubro de 2023) e que se espera poderá eventualmente cotar ligeiramente abaixo de 2% em 2025 se as condições económicas o justificarem. Mas, também neste caso, o movimento mais significativo já aconteceu.