O Banco Popular da China (banco central) anunciou hoje o aumento do limiar de financiamento transfronteiriço sobre os ativos das empresas e instituições financeiras, visando proteger a taxa de câmbio da moeda chinesa, o yuan.
Em comunicado, a instituição indicou que vai aumentar o chamado parâmetro de avaliação macroprudencial (MPA) para o financiamento transfronteiriço, de 1,5% para 1,75%, o que permitirá às empresas do país asiático obter mais crédito fora do território chinês.
O banco central e outros reguladores garantiram que “é necessário manter inabalavelmente a estabilidade básica da taxa de câmbio do yuan num nível razoável e equilibrado”, avisando que vão “lidar firmemente com comportamentos que perturbem a ordem do mercado”.
De acordo com um documento divulgado pelo regulador cambial, Pequim pretende “reforçar a gestão” do sistema e “evitar resolutamente os riscos de ultrapassagem das taxas de câmbio” da moeda nacional.
O banco central fixou hoje a sua taxa de câmbio oficial em 7,1885 yuan por cada dólar norte-americano, acima das expectativas do mercado, como parte dos sinais de que vai proteger o valor da sua moeda, depois de a taxa ‘offshore’ – transacionada nos mercados internacionais -, ter flutuado no seu pior nível em 16 meses e perto dos mínimos desde 2007, nos últimos dias.
“Para já, a estabilidade do yuan continua a ser uma prioridade. A médio prazo, o sucesso desta estratégia dependerá dos fundamentos económicos”, afirmou Tommy Xie, analista do OCBC Bank, com sede em Singapura.
Entre as medidas tomadas nos últimos dias pelo banco central está também o lançamento da sua maior emissão de obrigações através de Hong Kong, equivalente a quase 8,2 mil milhões de dólares (8 mil milhões de euros), para absorver a quantidade de yuan disponível no mercado e assim gerar procura pela moeda.
Desde meados de 2024 até ao final de setembro, o valor do yuan registou uma tendência ascendente, devido às expectativas de cortes nas taxas de juro nos Estados Unidos e de um prolongamento significativo das medidas de apoio à economia chinesa, face a uma recuperação aquém do esperado no período pós-pandemia.
No entanto, a curva inverteu-se perante a desilusão dos investidores com as medidas de estímulo económico anunciadas por Pequim e a vitória eleitoral nos EUA do republicano Donald Trump, que iniciou em 2018 uma guerra comercial contra a China, durante o seu primeiro mandato (2017-2021), e prometeu novas taxas alfandegárias sobre as importações do país asiático.
Nos últimos meses, o banco central chinês fixou repetidamente taxas de câmbio oficiais mais fortes do que o previsto – em relação às quais a taxa ‘onshore’, a que é transacionada nos mercados chineses, só pode flutuar num máximo de 2% por dia – para defender a moeda, tornando também público o compromisso de manter a estabilidade cambial.
Na semana passada, o renmimbi esteve muito perto de cair para o valor mais baixo desde finais de 2007.
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