A preferência dos portugueses relativamente aos depósitos pode revelar-se pouco rentável em termos de retornos caso a política monetária do Banco Central Europeu (BCE) prossiga na senda de descida das taxas de juro em 2025. Esta é uma das principais conclusões do estudo “Poupança das famílias e política monetária” da responsabilidade da Corum Investments Portugal e da BA&N Research Unit.
Este estudo, publicado este mês, conclui que as famílias portuguesas “estão a melhorar as suas finanças, conseguindo elevar os níveis de poupança e assumindo um pouco mais de risco nos investimentos”. No entanto, os portugueses mantém a tendência de “privilegiar os depósitos”, uma decisão que “ameaça os retornos numa altura em que o BCE vai continuar a baixar as taxas de juro”.
Explica a Corum Investments Portugal que desde dezembro de 2023, a taxa dos depósitos em Portugal baixou 50 pontos base, acima da descida de 36 pontos base da taxa de juro média dos bancos da zona euro. Além disso, destaca a Corum que os bancos portugueses “têm um histórico desfavorável de remunerar os depósitos, sobretudo comparando com a média dos países do Euro”.
Numa comparação do que se pratica em Portugal com outros países da zona euro, a Corum realça que a taxa que vigorava em setembro em Portugal (2,55%) era a quinta mais baixa entre os países que partilham a moeda única, “a uma distância de 43 pontos base da média e muito longe de países como França e Itália, onde a remuneração se situa bem acima dos 3%”.
Realça a Corum que, com a inflação a permanecer em torno de 2% e o BCE a baixar os juros, existe uma probabilidade de que a taxa real dos depósitos bancários em Portugal regresse a terreno negativo ou fique até perto de zero em 2025. Nesse sentido, a Corum considera que este cenário representa “uma ameaça significativa” às poupanças das famílias portuguesas e que estas “são as mais vulneráveis da Zona Euro à política monetária do BCE” tendo em conta o “elevado peso dos depósitos no total dos ativos”.
“De acordo com dados do BCE referentes ao primeiro trimestre de 2024, cada português tinha em média 22,3 mil euros no banco em depósitos, o que representava 21,2% do património líquido. É de longe a parcela da riqueza mais elevada entre os países da Zona Euro, com todos abaixo dos 20%”, destaca a Corum.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com