A produção industrial da China cresceu 5,8%, em termos homólogos, em 2024, enquanto as vendas a retalho, fundamentais para medir o consumo, cresceram 3,5%, segundo dados oficiais divulgados hoje pelo Gabinete Nacional de Estatística (GNE).
Em dezembro, a produção industrial avançou 6,2%, em termos homólogos, um valor que superou as expectativas dos analistas, que esperavam um aumento de 5,4%, ao mesmo nível de novembro.
Ao longo de 2024, o setor em que a produção mais cresceu foi o da indústria transformadora (+6,1%), seguido da produção e fornecimento de eletricidade, aquecimento, gás e água (+5,3%) e, por último, das indústrias extrativas (+3,1%).
No seu comunicado de imprensa, o GNE destacou ainda alguns segmentos específicos que registaram aumentos significativos na produção, como os veículos elétricos (+38,7%), os semicondutores (+22,2%) ou os robôs industriais (+14,2%).
A instituição também divulgou hoje outros dados estatísticos, como as vendas a retalho, um indicador-chave para medir o estado do consumo, que cresceram 3,5%, em termos homólogos, em 2024, uma taxa muito abaixo da registada no ano anterior (+7,2%).
No entanto, o valor de dezembro também surpreendeu positivamente os analistas, ao recuperar de 3% para 3,7%, em termos homólogos, quando se esperava que rondasse os 3,5%.
Louise Loo, da Oxford Economics, destacou o crescimento “globalmente estável” das vendas em dezembro, em comparação com o mês anterior: “Reflete a dificuldade em impulsionar o consumo face ao fraco crescimento dos salários, à baixa confiança dos consumidores e à recessão do mercado imobiliário”.
De acordo com a sua análise, as vendas fora do “plano Renove” lançado por Pequim, que permite receber dinheiro público na troca de automóveis, eletrodomésticos e, a partir deste mês, também na eletrónica de consumo, “abrandaram significativamente”.
“Com as autoridades a reconhecerem, com alguma urgência, a importância de encontrar um motor de crescimento sustentável, é provável que assistamos a mais estímulos orientados para o consumo nos próximos meses, mesmo que isso se depare com a forte cultura de poupança das famílias [chinesas]”, observou.
A taxa oficial de desemprego nas zonas urbanas situou-se em 5,1% no final de dezembro, 0,1% a mais do que no mês anterior, mas dentro do limite que Pequim fixou para o ano, de cerca de 5,5%.
O investimento em ativos fixos recuperou ligeiramente para 3,2% no total em 2024 – foi de 3% no ano anterior -, afetado pela diminuição das despesas com a promoção imobiliária (-10,6%) no contexto da crise prolongada do setor, que contrasta com a recuperação das infraestruturas (+4,4%) e da indústria transformadora (+9,2%).
Loo sublinhou que o investimento privado não só não cresceu em 2024 como caiu 0,1% em termos homólogos, refletindo o facto de a retoma da despesa pública – especialmente em infraestruturas – não estar a conseguir atrair mais capital do setor.
No âmbito dos dados relativos ao investimento imobiliário, o GNE indicou também que as vendas de propriedades comerciais medidas pela área útil diminuíram 12,9%, em termos homólogos, em 2024, uma queda ainda significativa, mas que reflete uma tendência de abrandamento relativo, desta vez 1,4% mais elevada do que no ano até novembro.
“Apesar dos recentes sinais de estabilização dos preços nas principais cidades, não esperamos que a atividade imobiliária e os preços atinjam o seu ponto mais baixo a nível nacional este ano. Este facto, por sua vez, vai pesar na confiança das famílias durante mais tempo”, alertou a Oxford Economics.
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