Em 2025, dificilmente existirá alucinação cosmopolita que consiga esconder o crescente clima de agitação social, política e cultural provocado pela imigração extra-europeia.
Nos últimos dias de 2024 fomos bombardeados pela mediatização de uma operação policial no Martim Moniz. Este tem sido um exemplo muito representativo de como uma ideologia dominante consegue torcer a realidade e apagar os factos em favor dos seus objectivos. Devia ser pacífico reconhecer que só existe justiça onde existe ordem pública e coesão social – e, por coesão, entenda-se uma certa homogeneidade cultural em que o povo se reconhece a si próprio e mantém um acordo básico sobre princípios comuns. Estranhamente, isto agora parece controverso.
Ao contrário do que seria de esperar num Estado soberano bem ordenado, o mediatismo deste caso veio desautorizar e denegrir a acção policial no desempenho regular das suas funções, numa rua com evidente acção de redes de tráfico humano (com os seus falsos 10 mil habitantes). Não só vivemos num país que fica relaxado perante as radicais mudanças étnicas e culturais que estão a avançar em todo o território, seja em áreas suburbanas ou em regiões do interior, como vemos ainda o espaço público invadido por activistas revolucionários que diabolizam as forças de segurança quando ela é mais necessária.
De facto, poucas pessoas gostarão de assistir ao uso desmedido de força ou de viver num ambiente altamente securitário. Mas, como será evidente para todos os observadores com bom senso, não esteve em causa nenhum abuso. O uso desmedido da força só existiu na cabeça daqueles revolucionários que sonham que “amor é não haver polícia”. O mais engraçado é que o projecto multicultural que preconizam depende de uma presença cada vez mais permanente e intrusiva dessas forças de segurança. É este, invariavelmente, o desfecho das mais desumanas distopias humanistas.
Embora a narrativa dominante venda a ideia de que as “percepções” de insegurança são fabricadas por partidos extremistas que vivem de incutir medo, a verdade é que os partidos ditos moderados são os principais mestres em incutir medo nas populações, ao agitarem o fantasma do recuo da produtividade e da perda de conforto. Além de intimidarem com habituais fantasmas do racismo, da xenofobia e do fascismo, procuram intimidar os seus povos com a chantagem de que ficarão sem aqueles que lhes limpam as casas, que os servem à mesa, que lhes entregam a comida à porta, que lhes asseguram o saneamento público e a construção de novas casas.
Ora, uma mentira repetida muitas vezes até parece verdade, mas não é. Quem usa aquela argumentação está a reconhecer que os imigrantes vêm ocupar maioritariamente profissões mal remuneradas, normalizando uma economia sustentada em escravos modernos. Esta parte é verdade. A mentira, ou desonestidade, é mais subtil: está em insinuar que não existiria ninguém disposto a fazer aqueles trabalhos menos qualificados na ausência de imigrantes. Não só existiriam sempre portugueses dispostos a realizar tais trabalhos se tivessem melhores condições laborais e salariais, como existe também um enorme potencial tecnológico que tornará redundantes alguns desses trabalhos a curto prazo.
O primeiro-ministro referiu recentemente que os imigrantes que nos chegam são os “novos portugueses”. É comum que políticos intelectualmente pouco maturados digam frases inconsequentes que lhes soam poéticas, mas com implicações gravíssimas. Porém, o mais certo, para mal de todos, é que o significado das palavras de Montenegro, de forma consciente, seja exactamente aquele. Comprovando as afinidades naturais com os partidos de esquerda no sentido do cosmopolitismo e do nulo senso patriota, Montenegro mostra-nos que a nacionalidade para ele pode ser uma aquisição rápida e submetida apenas a critérios de utilidade financeira, sem qualquer respeito pela identidade nacional. Comprova que olha para Portugal não como nação milenar, mas como uma grande estância turística que deve concentrar-se apenas em receber bem!
É por aqui que passa o discurso mediático dominante neste momento: “temos de receber bem”, “precisamos de imigração como de pão para a boca”, ou “será a imigração que resolverá o nosso inverno demográfico”. Em suma, os portugueses devem ser discretos, gratos, complacentes e simpáticos para não afugentarem quem nos procura.
A importação de mão-de-obra barata e falta de patriotismo dos nossos governantes e demais eleitos têm contribuído para que as condições laborais sejam mais precárias para os autóctones, visto que se torna impossível competir com mão-de-obra barata de todo o mundo. Além disso, a factura pesa no bolso dos contribuintes, já que as vantagens da imigração são privatizas e os custos são suportados pelo Estado.
Além da suposta utilidade financeira destes escravos modernos que nos chegam num fluxo frenético, os partidos de matriz socialista, mas também os liberais, têm também alguma esperança de recrutar aqui novos eleitores para colmatar a debilidade crescente eleitoral. Precisam de novos dependentes, novos sujeitos servis que se sintam gratos pela via verde de entrada na Europa e pelos pacotes solidários oferecidos pelo Estado. É uma estratégia improvisada de sobrevivência política da nossa oligarquia de centro, já que o eleitorado mais envelhecido não é eterno e que grande parte do seu eleitorado habitual vai trocando o centro político por partidos anti-sistema.
Mas será que os partidos que vendem a identidade nacional a troco de uma breve sinalização de virtude e de uma frágil sustentação de serviços efémeros têm noção do futuro explosivo que estão a preparar no próprio solo? A aposta em imigrantes para recrutar um exército de novos eleitores a médio e longo prazo é um tiro que sairá pela culatra.
A alegada capacidade de inclusão e pacifismo exemplares do caso português é frágil como uma ponte de cordas a atravessar um precipício. A ilusão da paz social é uma engenharia delicada sustentada por prestações sociais e gratuitidade de serviços públicos. À mínima falha do Estado perante milhares de beneficiários, o choque de civilizações irá precipitar-se. O choque irá tornar-se evidente à medida que estes imigrantes ganhem capacidade de representação própria e níveis de coesão muito mais fortes do que os nossos. E o mais terrível é que não é preciso fazer muito para conseguir superar a coesão dos portugueses.
A autora escreve de acordo com a antiga ortografia.