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Ouro renova máximo histórico e vendas em Portugal vão a caminho de mil milhões

A constante valorização do ouro nos mercados internacionais fez disparar o volume de negócios dos retalhistas portugueses para 909 milhões de euros em 2023, um valor só comparado aos anos da troika. O metal precioso deverá continuar a subir nos mercados financeiros ao longo do ano e os comerciantes estão optimistas com o negócio.
3 Fevereiro 2025, 07h00

O ouro está de volta aos máximos, depois de o BCE ter reduzido as taxas de juro em 25 pontos base. O metal precioso, um dos ativos considerados um porto seguro em tempos de incerteza, atingiu um novo máximo histórico de 2.800,26 dólares por onça. O anterior recorde tinha sido em 31 de março de 2024, quando se situou em 2.790 dólares por onça.

“O ouro tem beneficiado da revisão em alta das expetativas em relação à evolução da inflação, dado que representa uma reserva de valor neste tipo de ambientes. Esta situação foi motivada em parte pelo anúncio das políticas do novo presidente Trump, em especial às relativas à imposição de tarifas aduaneiras e as referentes à deportação de imigrantes ilegais, ambas potencialmente inflacionistas. Acresce que os bancos centrais têm vindo a aumentar as suas reservas de ouro, com especial destaque para os da China e Índia”, explica Pedro Mello e Castro, responsável pela poupança e investimentos do Santander, ao Jornal Económico.

O ouro está a registar uma série de máximos desde 2024, devido às expectativas de novos cortes nas taxas de juro, às compras de ouro pelos bancos centrais e às tensões geopolíticas. “As perspetivas de alta mantêm-se para este ano, dado que os fatores de influência do metal precioso poderão apoiar novas subidas, com uma potencial desvalorização do dólar americano (associado às possíveis reduções dos juros) bem como uma queda nas yields com maturidades mais curtas”, acrescenta Henrique Tomé, analista da XTB ao Jornal Económico.

O desempenho dos metais preciosos está muito dependente do desempenho também de outros mercados, como os juros da dívida pública nos EUA e a força do dólar americano. Carsten Menke, chefe do departamento de Investigação de Nova Geração do Julius Baer, explica que o ouro está a beneficiar dos receios renovados em relação às tarifas norte-americanas e de um crescimento dos EUA mais fraco do que o previsto. “Além disso, em períodos de instabilidade económica ou geopolítica, os investidores recorrem ao ouro pela sua fiabilidade histórica. Por último, o ouro apresenta baixa correlação com outros ativos financeiros, como ações e obrigações, o que o torna essencial para reduzir o risco global de carteiras de investimento”, acrescenta Henrique Tomé.

Transações disparam em Portugal

A importância do ouro reside na combinação de estabilidade, liquidez e capacidade de preservação de riqueza. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) enviados ao Jornal Económico, a compra e venda de ouro disparou para valores próximos de 2012, ano em que economia portuguesa a sofreu uma recessão histórica de 4%. Em 2023, o volume de negócios dos retalhistas fixou-se em 909,5 milhões de euros. São mais 32,3 milhões de euros do que em 2022 e mais 132 milhões do que em 2019. Só em 2012 se encontrou um número de transações superior: 969,3 milhões de euros. No mesmo sentido, abriram 1.284 novos retalhistas de ourivesaria entre 2020 e 2023.

Pedro Videira é um dos fundadores da Goldspot, com lojas no Porto, Penafiel e, em breve, Ermesinde. Atualmente, o metal vale 86 euros por grama. Há três anos, o valor fixava-se nos 52 euros por grama. “Há pessoas que estão a vender por dificuldades económicas, mas também pela valorização, pois têm o ouro parado em casa e agora conseguem encaixar uma mais-valia interessante”, explica Pedro Videira ao Jornal Económico.

Os artigos em joalharia portuguesa, com ouro de 19 quilates, estão entre os objetos mais comprados pela Goldspot. Mas nem todos os objetos vão para derreter. As barras e moedas são igualmente outro bens que chegam às lojas e muito procurado pelos investidores. “Prevejo que a trajetória do ouro vai continuar a crescer e a atrair mais clientes às lojas”, conclui Pedro Videira, da Goldspot.

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