O sistema financeiro global, juntamente com as agências de rating, tem demonstrado uma hipocrisia alarmante na sua relação com as Áfricas. Este sistema que tem rosto e endereço, exerce uma influência significativa sobre o desenvolvimento económico no qual as Áfricas são frequentemente vítimas de um ciclo vicioso de endividamento e exploração.
As Áfricas enfrentam desafios estruturais e históricos, como consequência desse jogo de “mão visível” por um lado e pela liderança corrupta por outro lado (mas essa é uma história que merece destaque próprio). Estes ingredientes financeiros são cruéis, pois o jogo das agências de rating que utilizam critérios que não levam em conta ou não refletem adequadamente o potencial económico desses países, levando a taxas de juros elevadas e dificultando o acesso ao crédito e prejudicando o potencial de crescimento económico.
Enquanto as potências ocidentais promovem discursos sobre desenvolvimento sustentável e cooperação, a realidade é marcada por práticas de concessão de crédito com juros exorbitantes e ratings de crédito desajustados quando comparado com os factos dos países AAA.
Adicionalmente, as classificações de risco são baseadas em dados limitados e em perceções distorcidas que podem e estão a perpetuar estigmas negativos. Isso cria um ciclo vicioso, onde a falta de investimento resulta em crescimento económico limitado, o que, por sua vez, justifica novas classificações baixas. O resultado é uma exclusão financeira que impede as Áfricas de se desenvolverem plenamente, aumentando as desigualdades sociais e económicas.
A rigidez do sistema financeiro internacional e a arbitrariedade das notas de rating tornam-se barreiras adicionais ao progresso. Reverter a situação e promover a reavaliação das metodologias de rating, é fundamental para que as Áfricas possam, finalmente, ter uma inclusão financeira.
O ciclo cruel dos ratings de crédito injustamente baixos obriga a pagar juros significativamente mais altos que apenas agrava a dívida externa num reflexo de uma relação predatória, onde os empréstimos são frequentemente atrelados a condições que beneficiam países credores, enquanto as Áfricas continuam a lutar contra a pobreza e a desigualdade. Será que este modelo ainda é lucrativo?