A banca portuguesa rejeita ter problemas na disponibilização de crédito à habitação para os jovens e deixa um apelo para que mais casas sejam colocadas no mercado. “Não tivemos e não temos um problema de crédito à habitação, nem quando tivemos a intervenção da troika. Os bancos quando se afastaram do imobiliário foi porque Portugal estava numa crise profunda de desemprego”, referiu Miguel Maya, CEO do Millenium BCP no painel de debate inserido no Observatório do Imobiliário da Century 21 Portugal que decorre esta quinta-feira, em Lisboa.
O debate acontece na semana em que foi divulgado que o novo crédito à habitação atingiu os 17,6 mil milhões de euros em 2024, tendo este valor recorde sido impulsionado pelo crédito a jovens.
O responsável destacou que o que se fez nos últimos tempos é positivo no acesso à habitação através das medidas para os jovens até aos 35 anos, embora não acredite em soluções simples para problemas complexos.
“O incumprimento no crédito a habitação acontece em dois temas: divórcio e doença. A minha forte recomendação é olhar para a oferta e aumentá-la”, salientou.
Por sua vez, João Pedro Oliveira e Costa, CEO do BPI, considera ser muito importante por o “dedo na ferida” e colocar a habitação no centro das atenções do país e que já se perdeu muito tempo a discutir soluções.
“Temos de partir para a ação. É uma minoria dos jovens que tem acesso à habitação. Urge atacar o tema da burocracia”, afirmou, salientando que o país está a receber muita gente que está a ocupar casas que podiam ser para os jovens e que depois cria tensões sociais que não são precisas.
Outro problema levantado pelo CEO é a ausência do mercado de arrendamento. “Se calhar prefiro incentivar o crédito a habitação do que estarem a pagar uma renda mais alta e na prática não estão a poupar nada. Os bancos têm capital suficiente seja para projetos de construção, seja no crédito a habitação. Temos regras, mas temos essa capacidade. Não apontem os canhões para nós”, sublinhou.
Já Paulo Macedo, presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD), presente também no painel, realçou que o défice de habitações novas é grande e que tem sido gerado pela oferta insuficiente e procura crescente.
“O empréstimo médio na CGD é de 66 mil euros e os novos são de 150 mil euros. Vejo do lado da procura um aumento do rendimento disponível dos jovens, porque os salários reais estão a subir, têm melhores capacidades de endividamento, o problema é a que preço é essa procura. É preciso criar oferta”, sublinhou.
O banqueiro relembrou que o grande número de casas que são compradas são usadas e que por isso é preciso ter mais casas no mercado, intervir no preço dos terrenos para as casas terem um custo menor e haver no lado da oferta a libertação de terrenos para casas.
Como tal, é preciso construir, com o banqueiro a defender que não foi a banca a tirar força aos construtores. “O desemprego na altura da troika esteve nos 18% e houve vários empresários que deixaram de estar no ativo ou que se fundiram”, realçou.
Sobre a taxa de esforço, enfatizou que a média na CGD passou de 42% (2023) para 36% (2024) e que este ano a expetativa é que passe para cerca de 30%.
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