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JB Capital avalia Novobanco entre 4,8 mil milhões e 6,2 mil milhões de euros

O JB Capital estima que as sinergias possam valer entre 500 milhões e mil milhões de euros para um comprador que já tenha ativos em Portugal (CaixaBank, BCP ou CGD).
IPO Novobanco
13 Fevereiro 2025, 11h08

O banco de investimento JB Capital emitiu uma nota de research, intitulada “Novobanco em destaque com oportunidade de consolidação” com data de 13 de fevereiro, no mesmo dia em que o Novobanco anuncia que desencadeou os procedimentos para avançar com uma Oferta Pública Inicial (IPO). O Novobanco “irá trabalhar com os acionistas na implementação do IPO nos próximos meses”, refere a instituição financeira liderada por Mark Bourke no comunicado à CMVM.

Na nota de research assinada por Maksym Mishyn, o JB Capital diz que após anos de reestruturação, o setor bancário português melhorou notavelmente e gera agora um RoE (return on equity) acima da média da zona euro.

“O setor bancário português – o patinho feio é agora um belo cisne”. A frase é dos analistas do banco de investimento norte-americano.

“Apesar deste progresso, acreditamos que ainda há espaço para uma maior consolidação”, defende  o JB Capital.

“O Novobanco apresenta uma oportunidade, uma vez que os seus acionistas estão alegadamente a preparar o banco para um IPO (Oferta Pública Inicial) ou uma venda. O levantamento da proibição de dividendos em dezembro de 2024 representa um marco significativo”, refere a nota.

Os analistas do banco de investimento preveem obter mais clareza sobre o futuro do Novobanco (e novas metas financeiras) após a sua atualização estratégica a 6 de março, dia em que apresenta os resultados anuais.

“Estimamos que o banco poderá ser avaliado entre 4,8 mil milhões de euros e 6,2 mil milhões de euros como entidade autónoma e assumindo um dividendo de 1,3 mil milhões de euros a montante antes de qualquer transação”, refere o JB Capital.

Este valor, no intervalo superior, supera os 5 mil milhões de euros de média de avaliações feita pela PwC a pedido pelo Fundo de Resolução que tem 13,5% do banco.

“Utilizámos a metodologia que aplicámos aos bancos ibéricos juntamente com múltiplos de mercado para estimar o intervalo. Esta avaliação não considera 500 milhões de euros adicionais dos seus ativos por impostos diferidos (DTAs). Além disso, explorámos o ângulo das fusões e aquisições em detalhe, concluindo que potenciais sinergias poderiam agregar entre 500 milhões e mil milhões de euros em valor para um comprador já estabelecido em Portugal”. defendem os analistas do JB Capital.

O JB Capital diz que os DTAs “são um tesouro escondido”. A taxa de imposto reportada pelo Novobanco teve uma média de 5% entre 2021 e 2023, uma vez que tem vindo a amortizar os seus créditos fiscais fruto de prejuízos passados.

“Na nota, exploramos detalhadamente os DTAs do Novobanco e explicamos como o banco poderia beneficiar destes ativos. O Novobanco tinha 900 milhões de euros em DTAs no seu balanço e 1,5 mil milhões de euros deles fora do balanço no 3º trimestre de 2024. Estimamos que os DTA possam acrescentar cerca de 0,5 mil milhões de euros à nossa avaliação”, defende o JB Capital.

O Novobanco é o quarto maior banco em Portugal, com 46 mil milhões de euros em ativos no 3º trimestre de 2024. O banco detém aproximadamente 10% de quota de mercado em empréstimos e depósitos. A sua carteira de empréstimos está focada principalmente no segmento empresarial, que representa cerca de 60% do total dos seus empréstimos.

O banco passou por um significativo processo de reestruturação e transformação entre 2017 e 2022. O seu rácio de crédito malparado (NPL) caiu de 32% em 2017 para apenas 4% no fim de setembro.

Ao mesmo tempo, no 3º trimestre, a rentabilidade sobre o capital próprio (RoE) situou-se em quase 19%, superando a média nacional de RoE de 18% para Portugal. Este RoE foi gerado num balanço excessivamente capitalizado, com um rácio de Capital Próprio Nível 1 CET1), na versão fully loaded, de 20,7% (RoE de aproximadamente 24% ajustando o excesso de CET1 acima de 14%).

O JB Capital considera ainda que uma fusão poderá acrescentar entre 500 milhões e mil milhões de euros em valor.

“Os cinco maiores bancos detêm 72% do total dos ativos em Portugal. Está em 14º lugar na zona euro. Acreditamos que é possível uma maior consolidação, mesmo que as aprovações regulamentares possam tornar-se um obstáculo”.

“A nossa análise sugere que os custos operacionais em percentagem do total de ativos em Portugal se situaram em 1,37% em 2023, face a 1,27% na UE, o que cria espaço para sinergias”, reforça o banco de investimento.

O JB Capital estima que as sinergias possam valer entre 500 milhões e mil milhões de euros para um comprador que já tenha ativos em Portugal (CaixaBank, BCP ou CGD), ao mesmo tempo que analisam outras partes que possam estar interessadas e “concluímos que a probabilidade de tal acordo é menor”, dizem.

Sobre o “belo cisne” que é o setor bancário português, o JB Capital escreveu que os bancos portugueses reduziram o rácio de NPL  (malparado) de 18% em 2015 (o que compara com 7% para a Zona Euro) para apenas 2,7% em 2023 (versus 1,9% para a Zona Euro)”.

O capital melhorou de 12% de rácio CET1 (fully loaded) em 2015 para 17,1% em 2023, superando a média da zona euro de 16,2%.

A rendibilidade também aumentou e atingiu uma média próxima dos 18% no RoE dos nove meses do ano passado, em comparação com os 3% em 2018 e em comparação com a média de 11,1% da zona euro (de acordo com a EBA).

O crescimento da carteira de crédito foi de 2,2% ao ano em Novembro e “acreditamos que deverá acelerar para 3%-4% nos próximos anos, em linha com o que esperamos para os bancos espanhóis”.

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