[weglot_switcher]

“Amigos, amigos, negócios à parte”: Argentina de Milei também sofre com tarifas de Trump

Recentemente, Trump anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio, medidas que podem ter um impacto significativo sobre a Argentina, que foi o sétimo maior fornecedor de alumínio para os EUA no ano passado, de acordo com dados do Departamento do Censo dos Estados Unidos (DCEU).
Donald Trump
14 Fevereiro 2025, 18h46

O presidente argentino, Javier Milei, tem envidado esforços para fortalecer os laços com Donald Trump. Contudo, essa aproximação não o deixou imune às repercussões da guerra comercial global desencadeada pelo líder norte-americano.

Recentemente, Trump anunciou a imposição de tarifas de 25% sobre o aço e o alumínio, medidas que podem ter um impacto significativo sobre a Argentina, que foi o sétimo maior fornecedor de alumínio para os EUA no ano passado, de acordo com dados do Departamento do Censo dos Estados Unidos (DCEU).

Trump também ordenou a elaboração de tarifas recíprocas sobre países que aplicam elevados impostos sobre produtos americanos, uma ação que afeta diretamente a Argentina, que mantém um comércio anual com os EUA de cerca de 30 mil milhões de dólares (cerca de 28 mil milhões de euros) e é conhecida pelas suas políticas protecionistas.

Embora ainda seja prematuro avaliar as consequências das tarifas, estas colocam à prova um dos pilares da estratégia política de Milei. O presidente argentino tem procurado estreitar relações com Trump, participando em eventos conservadores nos EUA e até sugerindo um acordo de livre comércio com Washington, na tentativa de revitalizar uma economia fragilizada.

Contudo, a vulnerabilidade da Argentina evidencia que nem mesmo aliados estão imunes às políticas comerciais agressivas de Trump, um desafio para líderes que acreditam que laços pessoais podem evitar represálias.

“Milei possui uma relação privilegiada com Trump, mas necessita construir uma base diplomática sólida para alcançar resultados concretos”, afirmou Juan Cruz Diaz, analista político em Buenos Aires.

“As próximas semanas serão fundamentais para minimizar o impacto desta política global na Argentina”, concluiu.

Milei terá a sua primeira oportunidade de negociação na próxima semana, ao participar na Conservative Political Action Conference (CPAC), um evento no qual procurará encontrar-se com o presidente americano.

As novas tarifas sobre metais devem entrar em vigor a partir de 12 de março, enquanto o governo dos EUA realizará estudos sobre tarifas recíprocas, com duração prevista até abril. Isso oferece a Milei um intervalo para tentar estabelecer um acordo, e a experiência passada sugere que isso é viável.

Durante seu primeiro mandato, Trump isentou a Argentina de tarifas sobre aço e alumínio após um acordo de cotas com o ex-presidente Mauricio Macri.

O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, também aliado de Trump, conseguiu renegociar um pacto semelhante diante de ameaças tarifárias. México e Canadá, mesmo com lideranças ideologicamente opostas, conseguiram adiar tarifas que Trump havia prometido aplicar.

Entretanto, alcançar um novo acordo pode ser complicado. Trump declarou recentemente que as tarifas sobre metais serão aplicadas “sem exceções ou isenções” desta vez, e acusou a Argentina de exportar aço para os EUA em “quantidades insustentáveis”, criticando ainda as estatísticas comerciais argentinas que dificultam a avaliação das importações de aço provenientes da China e da Rússia.

Evitar tarifas recíprocas pode tornar-se ainda mais desafiador após Trump anunciar que igualará “quaisquer taxas que os países imponham aos EUA”. A Argentina, fora a Venezuela, possui a maior tarifa média de importação na América Latina, com uma média de 13,5%, em comparação com os 3,5% dos EUA.

A pressão sobre Milei é intensa, uma vez que baseou a sua presidência na promessa de revitalizar a economia argentina, alegando que um “choque” económico temporário poderia levar a uma prosperidade futura.

Essa perspectiva atraiu investidores globais, que adquiriram títulos soberanos do país e investiram em sectores como energia e mineração. A inflação, que estava próxima de 200% ao ano quando Milei assumiu, caiu para 84,5% em janeiro. No entanto, as empresas argentinas vão olhando com apreensão para a questão das tarifas que Donald Trump pretende aplicar.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.