É muito provável que nunca tenha ouvido falar em Zaho de Sagazan, a miúda de Saint-Nazaire, cidade portuária na foz do Loire, França, pautada pelo ritmo dos operários nos estaleiros navais. Aos 21 anos, estudava gestão de empresas em Nantes e trabalhava num lar de idosos, que lhe ensinaram” o que é ser humano”, disse numa entrevista, antes de irromper, fulgurante, na cena musical francesa com o seu primeiro álbum, “La Symphonie des Éclairs”, em 2023.
Epifenómeno? Nada de conclusões precipitadas. Em menos de um ano, Zaho ascendeu ao céu e tocou as estrelas. Álbum de platina, a sua voz fresca e introspetiva arrebatou quatro Victoires de la musique, os Grammies franceses, e pôs a crítica e o público a acreditar que é possível reinventar a chanson française dos anos 1950 e 1960, com letras feitas de farpas sobre hipersensibilidade, canábis, relações tóxicas, sonhos, amores que nunca existiram… até porque, faz questão de dizer em palco, nos seus concertos, “nunca conheci o amor”.
No tema que dá nome ao disco, ouvimo-la cantar “se fosse um pássaro, dançaria sob a tempestade”. Diremos, antes, que Zaho é a ‘tempestade’ feita de sentimentos à flor da pele, que tanto escorrem inflexões à la Jacques Brel, como lembram batidas de Depeche Mode e Kraftwerk, emoldurados pelo sintetizador que parece ter saído diretamente dos anos 80. Ela é “Tristesse”, “Les Dormantes”, “Dis-moi que tu m’aimes”, ela que contesta o amor romântico porque existem “muitas outras formas de amar”.
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