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Intrum antecipa cenários e riscos para a economia nacional e europeia em 2025

A Intrum acaba de publicar a 13ª edição do seu relatório “Economia em Foco”, que analisa as tendências macroeconómicas para 2025. As conclusões apontam que os cortes nas taxas de juro vão continuar, mas a ritmos diferentes; o aperto orçamental pode abrandar a recuperação económica; e os riscos geopolíticos ameaçam a estabilidade.
24 Fevereiro 2025, 21h49

A Intrum acaba de publicar a 13ª edição do seu relatório “Economia em Foco”, que analisa as tendências macroeconómicas para 2025. As conclusões apontam que os cortes nas taxas de juro vão continuar, mas a ritmos diferentes; o aperto orçamental pode abrandar a recuperação económica; e os riscos geopolíticos ameaçam a estabilidade.

O relatório destaca os desafios e oportunidades que marcarão o corrente ano e o seu impacto na economia europeia.

A análise, conduzida pela economista sénior da Intrum, Anna Zabrodzka-Averianov, aponta para um crescimento económico fraco, impulsionado principalmente pelo consumo das famílias, mas condicionado pela conjuntura internacional. A inflação persistente, a desaceleração do crescimento económico e a incerteza geopolítica global são apontadas como variáveis determinantes do desempenho económico em Portugal e na Europa.

A empresa de cobranças difíceis considera que a economia global enfrenta um novo ciclo, no qual a trajetória da política monetária parece relativamente previsível, mas a recuperação económica continua envolta em incerteza. A continuação do alívio das taxas de juro do Banco Central Europeu, iniciado em 2024, poderá estimular o consumo e o investimento, mas o impacto desse movimento dependerá do contexto macroeconómico global.

“Entre os principais desafios identificados pelo relatório estão as incertezas geopolíticas, que permanecem uma variável crítica na equação económica global. O regresso de Donald Trump à presidência dos EUA, a instabilidade política em países-chave como a Alemanha e a França, e os conflitos em curso na Ucrânia e no Médio Oriente, são alguns dos fatores que poderão influenciar significativamente os mercados e a confiança dos investidores”, consideram a Intrum.

De acordo com Anna Zabrodzka-Averianov “Embora a lenta recuperação da economia global pareça ser uma certeza para 2025, as incertezas geopolíticas e os desafios económicos continuam a ensombrar o panorama, podendo dar origem tanto a riscos significativos como a oportunidades de crescimento”.

Crescimento fraco e cortes nas taxas de juro

A Intrum invoca as projeções do FMI que dizem que a economia da zona euro deverá crescer 1,2% em 2025, face aos 0,8% estimados para 2024.

O crescimento, ainda modesto, será condicionado por desafios estruturais, como o envelhecimento da população e o fraco aumento da produtividade. Além disso, os governos europeus enfrentam o dilema de consolidar as finanças públicas fragilizadas pelos estímulos económicos dos últimos anos, limitando a margem para políticas fiscais expansionistas.

A consolidação fiscal esperada para 2025 surge como resposta aos fortes estímulos económicos concedidos pelos governos europeus nos últimos anos, especialmente durante e após a pandemia e a subsequente crise do custo de vida.

Com as finanças públicas fragilizadas, os governos serão forçados a reduzir os gastos no futuro próximo para evitar perder a confiança dos investidores na sua capacidade de manter a estabilidade fiscal. A Goldman Sachs prevê que esta fase de restrição fiscal poderá prolongar-se até 2027.

Dois cenários possíveis para 2025

O relatório “Economia em Foco” apresenta dois cenários distintos para o desenvolvimento da economia global ao longo do ano. Um cenário positivo composto pelo crescimento impulsionado pelo consumo e inflação controlada; pela redução das tensões geopolíticas e estabilização das relações comerciais; pela gestão eficaz das taxas de juro, permitindo a recuperação do consumo e do investimento; melhoria das cadeias de abastecimento e estabilidade dos mercados de energia; e inovação tecnológica impulsiona a produtividade e o crescimento sustentável.

O cenário negativo incorpora uma inflação persistente e um crescimento estagnado. Mas também um aumento das tensões geopolíticas, agravamento dos conflitos e impactos nos fluxos comerciais. Inclui ainda políticas protecionistas que prejudicam a cooperação global; falha dos bancos centrais em conter a inflação, limitando cortes nas taxas de juro; e aumento do desemprego e dificuldades económicas em setores estratégicos.

O relatório da empresa que compra dívidas não pagas considera que o regresso de Donald Trump à Casa Branca poderá redefinir as relações comerciais globais, com um potencial aumento do protecionismo, nomeadamente através da imposição de tarifas sobre importações chinesas.

O estudo fala dos riscos de uma nova guerra comercial, que poderá desestabilizar as cadeias de abastecimento e penalizar o crescimento económico global. Além disso, a instabilidade política na Alemanha e em França ameaça a coesão da União Europeia, enquanto os conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente continuam a provocar choques nos mercados energéticos e a alimentar incertezas económicas.

O ano de 2025 será decisivo para a evolução da economia global, com oportunidades de recuperação económica, mas também riscos significativos, conclui a Intrum.

“À medida que os bancos centrais procuram equilibrar a flexibilização monetária com o controlo da inflação, as empresas e os investidores terão de estar preparados para responder rapidamente a mudanças no ambiente económico e geopolítico”, refere a empresa.

Para Luís Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum em Portugal defende que “os desafios e oportunidades apresentados no mais recente relatório ‘Economia em Foco’ da Intrum têm um impacto direto na economia portuguesa”.

“Apesar da ligeira aceleração do crescimento prevista para a zona euro em 2025, Portugal continua a enfrentar desafios estruturais, como a baixa produtividade, que se mantém nos 74% face à média europeia, e o envelhecimento da população, que podem limitar o dinamismo económico. Por outro lado, a evolução da inflação e da política monetária será determinante para o poder de compra das famílias e a competitividade das empresas nacionais. Na Intrum, continuamos atentos ao impacto destas dinâmicas no tecido empresarial português, especialmente na capacidade das empresas gerirem o risco de crédito e manterem a sua liquidez”, refere a gestora de créditos difíceis de recuperar.

 

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