Portugal vive o período mais longo de crescimento económico e convergência com a Zona Euro e com a União Europeia, desde que aderiu ao Euro. O ano de 2024 fecha, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística, com um crescimento de 1,9%, sendo preciso recuar a 2016 (com exceção de 2020, ano de pandemia) para encontrar um registo pior.

Esta última afirmação não é para desmerecer o crescimento económico do ano de 2024 (que mantém a convergência). É apenas para assinalar que é o resultado mais baixo desde 2016. A previsão do Governo de um crescimento de 2,1% para 2025, obriga-nos a recuar a 2016 para encontrar valor mais baixo (para além de 2020 e 2024).

Estes são factos que permitem concluir que o País cresce menos com o Governo da AD, do que crescia com os governos PS.

E é preciso recordar estes factos perante a reação do primeiro-ministro a festejar o resultado de 2024 (+1,9%). É que em todo o período anterior, com taxas de crescimento superiores, o então líder da oposição, Luís Montenegro, referia-se ao País como um “País estagnado”, que aliás deu título a um livro de crónicas sobre o mesmo tema, da autoria do atual ministro das Finanças.

Eu fico satisfeito de ver o primeiro-ministro – agora – utilizar os argumentos certos. Aprendeu no último ano – e bem – que Portugal cresce mais do que os seus parceiros da União Europeia e da Zona euro. Aprendeu que Portugal tem um nível historicamente baixo de desemprego e historicamente alto de população empregada. Dá valor ao stock de investimento direto estrangeiro. Valoriza a performance extraordinária das nossas empresas, que impulsionaram as nossas exportações para uma quota muito perto dos 50% do PIB.

Eu fico mesmo satisfeito com esta evolução assinalável do primeiro-ministro. Mas falta apenas um detalhe: todos estes factos, que agora são assinalados pelo líder do PSD como positivos, são os mesmos que enquadraram o crescimento económico durante todo – e sublinho todo – o período de governação do primeiro-ministro António Costa.

Um crescimento económico que é enquadrado com a melhoria do rendimento das famílias – com uma subida muito acentuada do Salário Mínimo Nacional e uma subida robusta do rendimento médio – e é acompanhado de uma descida do rácio da dívida pública muito significativo – indicador cujos resultados foram questionados pelo atual Governo, que agora os celebra.

Lição a reter: Portugal teve uma enorme mudança estrutural da sua economia nos últimos anos, assente num aumento acentuado das qualificações que, por sua vez, gerou mais inovação nas nossas empresas e, por isso, maior competitividade da nossa economia. Este é o resultado de trabalhadores e empresas, do País no seu conjunto. Nunca o devemos desmerecer.

O autor assina esta coluna quinzenalmente.