Tal como estava prometido, a Comissão Europeia impôs medidas retaliatórias para fazer face à decisão da administração norte-americana de impor tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio com origem no bloco dos 27. “Lamentamos profundamente esta medida”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para anunciar que Bruxelas iria “lançar uma série de contramedidas” em resposta às “restrições comerciais injustificadas”.
“As tarifas são impostos. São maus para as empresas e ainda piores para os consumidores. Estas tarifas estão a perturbar as cadeias de abastecimento. Trazem incerteza para a economia”, afirmou, citada pelas agências de notícias. Von der Leyen afirma que as tarifas dos EUA valem um acréscimo de 28 mil milhões de dólares – que, dizem os economistas, terão de ser pagos pelos consumidores, no caso de quererem manter os seus níveis de consumo. A resposta da União Europeia afetará a mesma quantidade de produtos americanos, até aos 26 mil milhões de euros – em, por exemplo, calças de ganga, whiskey e motos .
As taxas de 25% impostas por Donald Trump sobre as importações de aço e alumínio já entraram em vigor e marcam uma nova etapa na guerra comercial entre os Estados Unidos e os seus principais parceiros comerciais – com o Canadá a ser um dos alvos a sofrer medidas mais severas. Foi, aliás, no Canadá que surgiu já um movimento social – não se sabe ainda que dimensão poderá atingir – que pretende impor entre os consumidores a recusa em adquirirem produtos e serviços oriundos dos Estados Unidos. Noutras geografias, nomeadamente na China, os dados mais recentes já permitem evidenciar que produtos norte-americanos (por exemplo os automóveis Tesla) estão a ver a sua procura diminuir fortemente.
Para Washington, as novas tarifas são uma tentativa de proteger o aço e os trabalhadores norte-americanos, numa altura em que o setor está em declínio e enfrenta uma concorrência feroz no estrangeiro, especialmente por parte da Ásia. Para além da União, as alterações terão impacto na Austrália, no Canadá, no Japão e na China, bem como no Brasil e no México – apesar das especificidades deste último mercado.
Recorde-se que, na primeira presidência de Trump, a Casa Branca impôs direitos sobre as exportações de aço e alumínio em 2018, obrigando a UE a responder da mesma forma. Von der Leyen disse que Bruxelas também permitirá que a medida anterior entre em vigor quando expirar. “Pela primeira vez, estas medidas de reequilíbrio serão aplicadas na íntegra. As tarifas serão aplicadas a produtos que vão desde barcos a bourbon e motocicletas”, disse.
Von der Leyen repetiu, no entanto, que a UE está “disposta a encetar um diálogo significativo”, na tentativa de que as duas partes possam chegar a um acordo que, no limite, acabe com as tarifas dos dois lados do Atlântico. “Encarreguei o Comissário responsável pelo Comércio, Maros Sefcovic, de retomar as conversações para explorar melhores soluções com os EUA”, sabendo este responsável que, até agora, encontrou do outro lado uma total indisponibilidade para esse diálogo.
Posteriormente, a partir de meados de abril, a UE vai aplicar taxas alfandegárias a outros produtos norte-americanos no valor total de 18 mil milhões de euros, nomeadamente do setor do aço e alumínio, tal como do setor da agropecuária — entre eles, carne de vaca, aves, marisco e frutos secos. Esta segunda vaga de tarifas vai ser sujeita ao voto dos Estados-membros do bloco europeu e avançará apenas depois do setor industrial europeu ser consultado, no sentido de minimizar as dificuldades económicas que tal decisão poderá causar.
Os Estados Unidos importam cerca de metade do aço e do alumínio utilizados no país, para setores como as indústrias automóvel e aeronáutica, a petroquímica e os produtos de consumo básicos, como os enlatados.
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