A Madeira vai a eleições no próximo fim de semana, outra vez, como o Continente irá a votos em maio. Os efeitos das primeiras não costumam ter influência nas segundas, nem o contrário se verifica ou haveria alternância de poder, algo que é desconhecido no arquipélago, preso ao PSD desde 1976. Mas, desta vez, há semelhanças e o que tem acontecido na Região Autónoma pode ser visto como um indicador avançado para o todo nacional, uma bola de cristal.

São as terceiras eleições regionais disputadas em menos de ano e meio, do mesmo modo que se realizarão as terceiras legislativas em três anos. Os dois governos caem no parlamento, com Miguel Albuquerque a sucumbir a uma moção de censura e Luís Montenegro à rejeição de uma moção de confiança. Os dois líderes enfrentam questões que extravasam a política: Albuquerque é arguido por suspeitas de corrupção, Montenegro vive a polémica com a sua empresa familiar, que poderá transforma-se numa investigação judicial. Ambos recusam as acusações e as críticas e aguentam nos cargos.

Os dois quadros políticos definem-se, também, por maiorias parlamentares de direita, mas sem possibilidade de entendimento, e em relações crispadas entre gente de todos os quadrantes, e, aqui, podemos ver na Madeira o que pode acontecer no Continente. Serão as mesmas lideranças partidárias a ir a votos. Não existindo uma maioria estável, como aconteceu na Madeira e como as sondagens indiciam para as legislativas, o resultado é um quadro político com posições ainda mais entrincheiradas e maior acrimónia entre protagonistas. E lá vamos nós para eleições outra vez, até que se interrompa o miniciclo.

Teimar no mesmo e esperar um resultado diferente, como na Madeira, não pode ser o melhor que conseguimos fazer.