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Governo de Hong Kong diz que venda de portos no Panamá merece atenção especial

No início de março, o gigante de Hong Kong chegou a um acordo de princípio para vender os portos que controla junto ao Canal do Panamá desde 1997, bem como outras instalações portuárias em todo o mundo, a um consórcio norte-americano liderado pela gestora de ativos BlackRock, que prevê pagar cerca de 19 mil milhões de dólares (17,4 mil milhões de euros).
18 Março 2025, 08h01

A venda pelo conglomerado CK Hutchison de dois portos do Canal do Panamá a um consórcio norte-americano merece “atenção especial”, afirmou, esta terça-feira, o Chefe do Executivo de Hong Kong, após um comentário crítico num jornal próximo de Pequim.

John LeeKa-chiu disse aos jornalistas que “houve amplas discussões sobre esta questão e que ela reflete a preocupação da sociedade” chinesa. “Estas preocupações merecem uma atenção especial”, acrescentou.

No sábado, pela segunda vez em três dias, as autoridades chinesas republicaram as duras críticas de jornais à decisão da CK Hutchison de vender dois portos nas extremidades do Canal do Panamá.

No início de março, o gigante de Hong Kong chegou a um acordo de princípio para vender os portos que controla junto ao Canal do Panamá desde 1997, bem como outras instalações portuárias em todo o mundo, a um consórcio norte-americano liderado pela gestora de ativos BlackRock, que prevê pagar cerca de 19 mil milhões de dólares (17,4 mil milhões de euros).

A CK Hutchison, um dos maiores conglomerados de Hong Kong, tinha dito anteriormente que o negócio não estava ligado aos recentes desenvolvimentos políticos.

Mas John Lee instou hoje os governos estrangeiros a “proporcionar um ambiente justo e equitativo” às empresas de Hong Kong, sem mencionar explicitamente os Estados Unidos.

“Opomo-nos ao uso indevido de táticas de coerção e intimidação nas relações económicas e comerciais internacionais”, afirmou.

No sábado, a autoridade de Pequim para os assuntos de Hong Kong republicou um editorial intitulado “Os grandes empresários foram sempre patriotas excecionais”.

O artigo, originalmente publicado no jornal Ta Kung Pao de Hong Kong, visto como próximo do gabinete de ligação do Governo central na região semiautonoma, lembrou que muitos chineses se estavam a perguntar “como é que portos tão importantes podem ser entregues tão facilmente a forças americanas mal-intencionadas”.

Na quinta-feira, um outro comentário difundido pelo mesmo jornal pediu à CK Hutchison para “escolher um lado”.

Concluída sob os auspícios dos Estados Unidos em 1914, a rota marítima fundamental, que atravessa a América Central, tornou-se um dos alvos do Presidente norte-americano, Donald Trump, assim que regressou à Casa Branca em 20 de janeiro.

Por diversas vezes, Trump acusou a China de dominar as operações no canal e prometendo “tomá-lo de volta”.

O primeiro comentário publicado pelo Ta Kung Pao sublinhou essa sequência de eventos, recordando que Trump, logo após a tomada de posse, “acusou a China de controlar o Canal do Panamá, declarando em voz alta que os Estados Unidos iriam ‘recuperá-lo’ e, se necessário, não hesitariam em usar as forças armadas”.

A publicação da administração chinesa em Hong Kong lembrou ainda que a notícia do negócio foi conhecida após a visita do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, ao Panamá, e “na véspera do primeiro discurso de Trump ao Congresso”.

“Terá sido apenas uma coincidência de timing? Qual era a natureza do acordo?”, interrogou.

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