As autoridades de Hong Kong acusaram os Estados Unidos de ‘bullying’ após Washington ter elevado para 125% as tarifas sobre os produtos importados tanto da região semiautónoma chinesa como da China continental.
Num comunicado divulgado na quarta-feira à noite, um porta-voz do Governo de Hong Kong disse que as medidas anunciadas horas antes pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, “são ‘bullying’ e irracionais”.
As autoridades manifestaram “forte desaprovação e descontentamento” não só com a subida das tarifas, mas também com o fim da isenção de taxas alfandegárias para pequenos pacotes enviados por correio, que entrará em vigor a 2 de maio.
“Para enviar artigos para os Estados Unidos, o público em Hong Kong deve estar preparado para pagar taxas exorbitantes devido aos atos irracionais e intimidantes” de Washington, lamentou o Governo da cidade.
Os Correios de Hong Kong não irão ajudar os Estados Unidos a cobrar qualquer tarifa, mas o comunicado alertou que poderá haver, mais tarde, uma “suspensão temporária” dos serviços postais para os Estados Unidos.
“Os EUA já não defendem o comércio livre, minando arbitrariamente as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), estabelecidas em conjunto pela comunidade internacional, prejudicando gravemente o sistema multilateral de comércio e o processo de globalização, e interrompendo a cadeia de abastecimento global”, lamentou o porta-voz do Governo de Hong Kong.
O comunicado recordou que o território “nunca implementou qualquer tarifa”, pelo que a imposição de taxas, descritas por Trump como recíprocas, “é totalmente ilógica e infundada, demonstrando plenamente que é um ato de intimidação para suprimir os seus concorrentes”.
Em 03 de abril, a Presidência dos Estados Unidos divulgou a fórmula usada para justificar as tarifas, que ignora as barreiras comerciais em vigor e apenas divide a balança comercial (a diferença entre importações e exportações) pelo valor das importações.
Segundo a Casa Branca, a China estaria a taxar os produtos norte-americanos em 67%. Isto embora, em 2024, Pequim tenha aplicado uma tarifa aduaneira média de 4,9%, segundo as estatísticas da OMC.
O Governo da região vizinha a Macau prometeu “tomar medidas para defender os interesses legítimos de Hong Kong, incluindo a apresentação de uma queixa de acordo com o mecanismo de resolução de litígios da OMC”.
“Entretanto, manteremos uma ligação estreita com a comunidade empresarial para respondermos conjuntamente à coação irracional dos Estados Unidos”, referiu o comunicado.
Na terça-feira, antes do anúncio da subida das tarifas, o chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee Ka-chiu, afirmou que a “imposição irresponsável” de tarifas aduaneiras está a prejudicar o comércio internacional e acusou os Estados Unidos de virarem as costas ao comércio livre.
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