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Fabricantes automóveis revelam novos modelos em Xangai para manter presença na China

Uma década depois de Pequim se ter proposto a construir uma indústria automóvel de classe mundial, os fabricantes locais representam já cerca de dois terços das vendas no país e uma parte crescente das exportações globais. A exposição abre ao público na quinta-feira e prolonga-se até 2 de maio.
Salão Automóvel de Genebra
23 Abril 2025, 08h04

As principais marcas de automóveis apresentam esta semana os seus mais recentes modelos no salão automóvel de Xangai, numa altura em que batalham para assegurar a sua presença no maior mercado automóvel do mundo.

Uma década depois de Pequim se ter proposto a construir uma indústria automóvel de classe mundial, os fabricantes locais representam já cerca de dois terços das vendas no país e uma parte crescente das exportações globais.

A exposição abre ao público na quinta-feira e prolonga-se até 2 de maio.

Incentivados por subsídios do governo para trocarem os carros mais antigos por modelos mais recentes, os compradores chineses estão a aderir aos veículos elétricos.

As vendas de veículos movidos a bateria e híbridos aumentaram 40% no ano passado, face ao ano anterior.

No total, em 2024, foram vendidos 31,4 milhões de veículos, incluindo autocarros e camiões, o que representou um aumento de 4,5% em relação ao ano anterior.

O fabricante chinês BYD ultrapassou a norte-americana Tesla como o maior fabricante mundial de elétricos, registando uma receita de mais de 100 mil milhões de dólares (88 mil milhões de euros).

Para ter acesso ao enorme mercado chinês, fabricantes de automóveis estrangeiros, como a Volkswagen, a General Motors, a BMW e a Ford, criaram parcerias com empresas estatais locais desde as décadas de 1980 e 1990, ajudando-as a desenvolver a capacidade e a tecnologia necessárias para competir à escala mundial.

Estas multinacionais criaram extensas cadeias de abastecimento no país asiático, alimentando grandes nomes da indústria automóvel chinesa, como BYD, Geely e Great Wall Motors.

Face a uma concorrência brutal na China, os fabricantes chineses estão agora a expandir-se rapidamente além-fronteiras, conquistando quotas de mercado com modelos relativamente acessíveis.

“O salão automóvel de Xangai é um ponto de viragem, na medida em que os fabricantes de automóveis locais deixaram de ser parceiros menores das grandes marcas internacionais e passaram a ser os verdadeiros protagonistas na cena mundial”, disse Zhou Lijun, diretor do grupo de análise da indústria Yiche Research Institute, citado pela Associated Press.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs taxas alfandegárias de 145% sobre os produtos chineses. O recente anúncio de uma pausa de 90 dias poupou temporariamente muitos outros países, incluindo o Japão, às tarifas generalizadas de 24%. No entanto, mantém-se em vigor uma tarifa de base de 10% e um imposto de 25% sobre automóveis, peças de automóvel, aço e alumínio importados.

As tarifas mais elevadas impostas pelos EUA e pela Europa sobre veículos elétricos fabricados na China estão a levar as marcas chinesas a deslocar a produção para mais perto desses mercados.

“A guerra comercial entre a China e os Estados Unidos bloqueou as exportações diretas da China para os Estados Unidos, mas não bloqueou a produção local ou o estabelecimento de bases de produção globais na Europa ou noutros locais”, observou Zhou.

Outros fatores podem abrandar essa expansão.

Um relatório do grupo de reflexão Rhodium Group mostra que quase metade dos mercados mundiais estão a restringir as importações oriundas da China, em parte devido a preocupações de segurança nacional relacionadas com a eletrónica avançada dos veículos elétricos.

Os fabricantes de automóveis chineses ficam atrás dos líderes mundiais nos veículos convencionais a gasolina e a gasóleo, mas conseguem vender veículos elétricos praticamente ao mesmo preço, resolvendo simultaneamente os problemas da autonomia e do carregamento rápido.

A China tornou-se parte daquilo que a analista geopolítica Yanmei Xie descreveu, num comentário publicado na publicação japonesa Nikkei Asia, como uma “mudança de paradigma tecnológico”. Os fabricantes chineses estão a adotar a tecnologia elétrica não só devido à transição ecológica, mas também como uma via para “o domínio tecnológico e industrial”, escreveu.

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