Depois de um dia de acalmia na terça-feira, onde os juros das obrigações soberanas dos EUA subiram ligeiramente, abrindo espaço para uma valorização do mercado accionista devido ao aliviar dos receios sobre uma eventual recessão, ontem o cenário inverteu-se com os juros a caírem para novo mínimo desde 2017, reforçando o sentimento de cautela nos investidores já de si apreensivos com a série de dados económicos negativos que saíram nas últimas semanas, relativos às principais economias mundiais. Mas porque é que este tema da inversão dos juros é importante? para além da componente fundamental teórica que referi nos últimos dias o mais relevante pretende-se com a experiência, e aí a estatística é imperdoável visto que só por uma vez e desde que há registos um juro mais elevado nas obrigações de 3 meses, do que o das obrigações de 10 anos é que não antecedeu uma recessão, sendo que nas últimas cinco décadas o indicador foi sempre certeiro, tornando-o como um dos “oráculos” mais fiáveis do mercado.
Contudo é importante realçar que nem sempre a recessão aparece um a dois anos depois da primeira inversão, por vezes existe uma normalização dos juros por uns meses, que dá lugar a nova inversão e depois sim à contracção económica a médio prazo. Ou seja não é um caso de se vai acontecer, mas quando vai acontecer, e é essa “inevitabilidade” que está a colocar os investidores na defensiva. No campo económico dois dados contraditórios, na China os lucros das empresas industriais caiu ao ritmo mais elevado dos últimos oito anos, após nos primeiros dois meses de 2019 os lucros terem recuado 14%, em relação ao mesmo período do ano passado, para os $105,5 mil milhões. Já nos EUA os pedidos de novos empréstimos hipotecários subiram 8,9%, dando um lufada de ar fresco de optimismo no sector da construção e ajudando os índices norte-americanos a recuperarem boa parte das perdas que registaram até cerca do meio dia, hora local.
Na closing bell o cenário foi de vermelho em toda a linha, mas nada de variações relevantes tendo o Dow Jones quase conseguido fugir às perdas com um deslize de 0,13%, enquanto que o Nasdaq registou a pior performance do dia em parte por causa do comportamento dos seus pesos pesados, que anularam o ganho de 0.9% nos títulos da Apple. Pessimismo que não foi tão carregado na Europa onde os índices registaram variações marginais, após Mario Draghi ter reforçado o tom dovish presente na mentalidade dos membros do board do BCE.
No Forex o destaque vai para o comportamento inconstante da Libra inglesa no dia em que mais uma vez e depois de muita parra no debate entre os Parlamentares do Reino Unido, o resultado foi muito pouca uva, chegando a acordo apenas no adiamento do prazo para o Brexit de dia 29 de Março para dia 12 de Abril. De resto, das oito propostas aceites pelo Presidente da Câmara dos comuns para votação, nenhuma passou não obstante a promessa de Theresa May em se demitir caso o seu acordo fosse aprovado. De notar que a moção mais bem acolhida foi a de um novo referendo, contudo segunda-feira haverá nova ronda, da qual não se espera resultados diferentes a menos que ocorra um “milagre”.
Hoje destaque para os dados dos EUA relativos ao PIB do quatro trimestre de 2018 e à venda de casas usadas, enquanto que da Alemanha será conhecido o índice de preços no consumidor.
O gráfico de hoje é do DaX30, o time-frame é Diário
O índice alemão quebrou em baixa a linha de suporte a azul, estando agora a testar essa mesma quebra. Um falhanço da reconquista deste nível poderá levar o activo a corrigir até à linha azul mais abaixo
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