O número de relações familiares no Governo envolve um total de 50 pessoas e 20 famílias, e também um ex-casal. Uma contagem anterior apontava que existiam 27 pessoas e 12 famílias no poder, mas nos últimos dias vieram a público mais nomes.
Entre entradas e saídas, passaram ou ainda estão no Governo socialista 50 pessoas com relações familiares entre si, ou com algum dos deputados do PS, ou com algum parentesco de ex-deputados do PS ou dirigentes socialistas (atuais ou anteriores), ou que tenham sido nomeadas para um organismo estatal nesta legislatura, num total de 20 famílias.
As notícias dos últimos dias dão conta da existência de mais relações familiares no Governo. O jornal Observador avançou que a mulher e o irmão do ex-Secretário de Estado da Defesa e deputado do Partido Socialista Marcos Perestrello, desempenham cargos por nomeação governamental. Desde novembro de 2018 que Sara Perestrello de Vasconcellos, casada com Marcos Perestrello, é chefe de gabinete de Graça Fonseca, ministra da Cultura. Miguel Perestrello de Vasconcelos, irmão de Marcos Perestrello, foi nomeado vogal da direção da ‘Movijovem’, pelo ministro do Trabalho e Segurança Social, António Vieira da Silva.
Carlos Alberto Fernandes Pinto trabalha sob a alçada de Cláudia Joaquim, na secretaria de Estado da Segurança Social, como chefe de gabinete. Foi nomeado chefe de gabinete a 7 de dezembro de 2015, quando a secretária ainda formava a equipa. No entanto, a ligação governamental é com a sua mulher, Susana Amador e atual deputada e vice-presidente da bancada parlamentar do PS. Ex-presidente da câmara de Odivelas passou pelo Governo de José Sócrates.
Tiago Gonçalves é chefe de gabinete do secretário de Estado da Defesa do Consumidor, João Torres, desde outubro de 2018. No entanto, a ligação não é com Torres porque o antigo dirigente da Juventude Socialista é filho do ex-presidente da Câmara Municipal de Peniche, Jorge Rosendo Gonçalves. Tiago Gonçalves foi assessor do grupo parlamentar do PS mas já tinha trabalhado na Junta de Freguesia do Lumiar, sob a alçada de Pedro Delgado Alves. Foi ainda técnico superior na Direção Regional de Educação nos Açores, entre 2012 e 2015, controlado por Vasco Cordeiro, também socialista.
De acordo com o Observador, João Ruivo é adjunto da secretária de Estado do Desenvolvimento Regional, Maria do Céu Albuquerque. A sua mulher, Ângela Ferreira tornou-se secretária de Estado da Cultura em outubro de 2018. O casal assume, assim, diferentes secretarias, no mesmo período temporal.
Destaque também para a entrada de Catarina Hasse Ferreira, nora do antigo deputado socialista Joel Hasse Ferreira. Catarina foi nomeada para exercer funções como técnica especialista no gabinete do secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, em fevereiro de 2016. Apesar de no passado já ter assumido funções no ministério, apenas assumiu um cargo essencial quando o PS subiu ao Governo.
A chegada ao Governo mais falada dos últimos tempos tem sido a entrada de Catarina Gamboa. Casada com Pedro Nuno Santos, Gamboa saltou para a Secretaria de Estado dos Assuntos Parlamentares logo após a saída do marido. Com a polémica instalada, Pedro Nuno Santos publicou uma mensagem na sua rede social Facebook onde explicava a posição da mulher como chefe de gabinete de Duarte Cordeiro.
Duarte Cordeiro, licenciado em Economia e com frequência no mestrado em Gestão, é atualmente secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. Além do casal Santos-Gamboa, o secretário levou para o seu gabinete, Pedro Anastácio. Pedro Anastácio, além de ser membro do secretariado nacional da Juventude Socialista, e agora pertencente do gabinete de Cordeiro, é filho do deputado do PS Fernando Anastácio.
Pedro Anastácio trabalhou na sociedade de advogados com Eduardo Paz Ferreira, marido da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, avançou o Observador. Paz Ferreira entra nas ligações familiares governamentais quando renegociou, em outubro de 2018, a concessão do terminal de Sines à Singapura PSA, escolhido por Ana Paula Vitorino.
Ana Paula Vitorino, a atual ministra do Mar do Governo de António Costa, é casada com Eduardo Cabrita, também atual ministro da Administração Interna de Costa. A ministra entrou primeiro no Governo, em 2015, que o marido, enquanto Eduardo Cabrita apenas assumiu funções em 2017.
Outro caso em destaque é o de José António Vieira da Silva, ministro do Trabalho e Solidariedade e Segurança Social, que também tem a sua filha no Governo. Mariana Vieira da Silva era braço direito de António Costa quando este estava em São Bento, e chegou a ser promovida a ministra da Presidência. O ministro Vieira da Silva é também casado com a deputada socialista Sónia Fertuzinhos.
João Gomes Cravinho substituiu Azeredo Lopes na pasta da Defesa, subindo ao cargo de ministro. No entanto, Gomes Cravinho é filho de um ex-ministro socialista, João Cravinho. O ministro socialista fez parte do Governo de António Guterres, onde ocupou o cargo de ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, em 1995.
Guilherme d’Oliveira Martins foi ministro, deputado do PS e é ex-presidente do Tribunal de Contas. No entanto, a ligação com o Governo atual chegou com a nomeação do seu filho, Guilherme Waldemar d’Oliveira Martins, em 2015, para secretário de Estado das Infraestruturas.
Por sua vez, João Pedro Matos Fernandes o ministro do Ambiente e da Transição Energética é filho de José Matos Fernandes, ex-secretário de Estado da Justiça, no tempo de Vera Jardim. No entanto, a ligação de Matos Fernandes não acaba aqui. Isabel Marrana, casada com o atual ministro do Ambiente, pertencia ao gabinete da secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza. Marrana ainda pertenceu à governação de Sócrates quando foi adjunta do ministro do Ambiente.
Duarte Cordeiro volta a aparecer na lista de ligações. Susana Ramos foi escolhida, em janeiro, para chefiar o Fundo para a Inovação Social. Quando Cordeiro estava a Câmara Municipal de Lisboa, Ramos coordenou o Departamento de Direitos Sociais. Em 2017 foi nomeada para coordenadora da Unidade Nacional de Gestão da EEA Grants ( Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu).
Mafalda Serrasqueiro, licenciada em Ciências da Comunicação desde 2008 e em Direito desde 2015, é chefe de gabinete do secretário de Estado Adjunto da Modernização Administrativa, Luís Goes Pinheiro. Mas a ligação de Serrasqueiro no Governo não é com Goes Pinheiro mas com alguém que partilha o mesmo apelido: Fernando Serrasqueiro, pai e antigo deputado do PS e secretário de Estado. Mas a ligação ao Governo continua. Mafalda Serrasqueiro é casada com o deputado da Assembleia, Pedro Delgado Alves.
Rosa Zorrinho é casada com o eurodeputado Carlos Zorrinho, mas subiu ao Governo para gerir a pasta da secretaria de Estado da Saúde, em dezembro de 2017. Atualmente ocupa o cargo de presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central.
Diogo Lacerda Machado conhecido por ser o “melhor amigo” de António Costa. Assumiu a secretaria de Estado da Justiça, mas o seu papel mais famoso foi pelo papel de consultor nos dossiers da TAP e dos lesados do BES. Em 2015, Francisco Lacerda Machado, o filho do amigo de António Costa, foi nomeado para técnico especialista no Ministério dos Negócios Estrangeiros. Em 2017, foi a vez do filho mais novo de Lacerda Machado. José Maria foi contratado para uma empresa do setor empresarial do Estado, na área da Defesa.
Patrícia Melo e Castro esteve no Ministério da Justiça entre 1999 e 2002, com António Costa. Quando o socialista esteve na cadeira da CML, foi assessora do seu gabinete. Agora que Costa é primeiro-ministro, Melo e Castro seguiu-o e continua a ser adjunta do seu gabinete.
Melo e Castro é casada com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, António Mendonça Mendes, e a sua cunhada é Ana Catarina Mendes, número dois do PS. A ligação continua com Paulo Pedroso, com quem a secretária-geral do partido foi casada. Em 2018, Pedroso saiu do Ministério das Finanças para o cargo de diretor executivo suplente do Banco Mundial.
Apesar de já não pertencerem ao executivo, o nome Escária continua no registo de familiares que pertenceram ao Governo socialista. Vítor Escária foi assessor de António Costa mas viu-se envolvido no caso ‘Galpgate’, do qual foi exonerado. Susana Escária, a sua mulher, foi adjunta do secretário de Estado da Internacionalização, que também foi exonerado do ‘Galpgate’, no fim de 2017.
Também o ex-secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, é primo de António José Seguro, ex-governante e ex-líder dos socialistas.
Destaque para a existência de um ex-casal. Anna Elisabet Bergström foi casada com Sérgio Sousa Pinto, um nome conhecido no universo socialista. Bergström foi assessora internacional de António Costa na autarquia de Lisboa, e quando este se mudou para o Governo, a ex-mulher de Sousa Pinto foi nomeada adjunta do gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros. Em 2017, viu o seu nome ser indicado, pelo próprio António Costa, para a Missão Portugal In.
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