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GEOTA defende mais produção descentralizada de renováveis para maior resiliência do sistema

Depois do apagão, o grupo ambientalista vem defender também uma maior aposta na eficiência energética.
Miguel Gutierrez / EPA
30 Abril 2025, 10h53

O Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) veio hoje a público exigir o reforço da” aposta na eficiência energética e na produção descentralizada de energias renováveis para maior resiliência do abastecimento de eletricidade”.

“Em momentos críticos como este serão encontrados bodes expiatórios e falsas soluções. Opiniões avulsas não se podem sobrepor a uma análise transparente, técnica e ponderada dos acontecimentos”, disse em comunicado Miguel Macias Sequeira, vice-presidente do GEOTA.

O responsável destacou que o sistema elétrico ibérico já “operou inúmeras vezes com percentagens elevadas de energias renováveis sem qualquer constrangimento. A importação-exportação de eletricidade entre Portugal e Espanha é um processo permanente com benefícios para ambas as partes. Sendo certo que nos últimos tempos Portugal tem tido um saldo importador, o nosso País continua a ter capacidade de produção despachável nas centrais termoelétricas a gás natural e em centrais hidroelétricas de albufeira, que lhe permite ser auto-suficiente”.

“A importação dentro do mercado ibérico dá-se por motivos meramente económicos, sendo que, no dia 28, durante algumas horas Portugal estaria a ser pago para consumir eletricidade de Espanha. Ao contrário do que algumas vozes vêm a defender, a solução não é nem a reabertura das centrais a carvão (na prática substituídas pelas centrais a gás) nem a energia nuclear (extremamente cara, de construção demorada, com riscos conhecidos, pouco resiliente face a perturbações, e perpetuadora do modelo de rede assente em mega-centrais)”, acrescentou.

O GEOTA vai assim propor várias soluções: uma maior aposta na “eficiência energética (algo inscrito há muito nos planos energéticos nacionais mas na realidade ainda pouco apoiado); promover a flexibilidade da produção e consumo como parte de uma moderna rede inteligente; aumentar de forma racional a capacidade de armazenamento através de baterias; modernizar as redes de transporte; melhorar os sistemas de alerta e de resposta para estabilização da rede. Reconhece-se a necessidade de manter operacionais as centrais de ciclo combinado a gás natural, com utilização decrescente, mas ainda relevantes para o equilíbrio do sistema. Esta mudança de paradigma do sistema elétrico obriga a uma reestruturação do funcionamento do mercado de eletricidade”.

“No modelo atual, a grande maioria dos sistemas fotovoltaicos estão acoplados à rede elétrica e desligam-se em caso de apagão”, recomendando que “se pondere a instalação de energia solar com capacidade para operar desconectada da rede elétrica em algumas localizações críticas para resposta a estes eventos muito raros, mesmo que tal comporte custos superiores”, segundo Miguel Macias Sequeira.

 

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