Há imensas referências à geração Y, os millennials, e à geração Z, os nativos digitais, para quem o trabalho constitui, unicamente, um meio para atingir objectivos pessoais, pelo que é realizado sem paixão, sem envolvimento emocional e sem preocupações éticas e sociais, mas raramente se encontram referências aos pais destas novas gerações, que possam explicar este comportamento.
Uma vez mais, contentamo-nos com uma mera relação comportamental descritiva, sem procurar uma teoria que a suporte. E essa análise tem um interesse evidente, já que é a geração dos pais destas gerações, Y e Z, que estão, actualmente, no poder, e condicionam a evolução da humanidade.
Em grande número de situações, as prioridades desta geração de pais não auguram nada de bom, para a evolução próxima das nossas sociedades, em particular das sociedades europeias em que nos inserimos.
Um foco excessivo na acumulação de riqueza e bens materiais, sem olhar a meios para atingir esse objectivo, e um fascínio pela pertença a supostas classes de elite, através da prática de desportos exclusivistas, como o golfe, ou a pertença a clubes fechados, ou outro tipo de actividades semelhantes, criam o ambiente próprio para a definição do carácter das novas gerações.
No caso do golfe, onde se constroem vários mitos para justificar o fascínio e a prioridade que lhe é atribuída, como o ambiente ideal para a concretização de novos negócios e parcerias ou a afirmação de que é o modo ideal para testar a capacidade individual de ultrapassar obstáculos, é paradigmática.
Nenhum empresário ou gestor competente, acredita, que se realizam negócios sem uma análise técnica e financeira aprofundada, e que a capacidade para vencer dificuldades e adversidades se obtém nas várias tentativas para introduzir uma bola num buraco.
O fascínio pela pertença a supostas classes de elite, leia-se com rendimento e património financeiro elevado, também conduz a reduzir a importância dos princípios éticos na actividade profissional.
Neste processo errado, em termos éticos e morais, de afectação de prioridades, o cumprimento de compromissos assumidos, fora destas prioridades, é sistematicamente ignorado, com desculpas esfarrapadas de falta de tempo ou outro tipo de dificuldades inventadas.
Com este caldo de cultura, as gerações Y e Z, só não são mais egoístas e egocêntricas, porque têm um conhecimento mais alargado do mundo e dos seus desafios prementes, ambientais e sociais, que atenuam estes comportamentos desviantes.
Tenhamos a esperança de que quando chegarem ao poder, alterem, de forma definitiva, as prioridades, que viram os seus pais adoptarem.