Este último mês tem sido marcado por ziguezagues em torno da política económica americana, após o desastre provocado pela implementação de taxas alfandegárias a todos os países do mundo de forma indiscriminada.

Esta semana, a Reserva Federal Americana (Fed) reuniu-se para mais uma decisão sobre a política monetária e anunciou a manutenção de juros elevados, tendo em conta a incerteza quanto aos efeitos na inflação das taxas sobre bens importados.

É inclusivamente admitido um cenário de estagflação, onde a economia contrai mas o nível de preços sobe, o que é uma dor de cabeça para qualquer banco central e para os cidadãos. Por um lado, é necessário combater a subida de preços, quase administrativa em virtude de se tratarem de taxas adicionais e não de uma subida de preços pelo aumento da procura, por outro há que acautelar que a economia não cai numa recessão profunda, com os agentes económicos a recearem a evolução futura.

Neste cenário, a Administração americana anunciou o seu primeiro acordo comercial, com o Reino Unido, com pompa e circunstância, reiterando que até final de junho, altura em que termina o prazo dos 90 dias prorrogado por Trump, para os países chegarem a acordo com os EUA, ou sofrem um aumento das taxas alfandegárias.

Esta notícia, visa sinalizar os outros países e blocos económicos, nomeadamente a União Europeia, do que seria um potencial acordo. Apesar de positivo, este era o acordo mais fácil de ser alcançado, pela diferença reduzida do défice de comércio de bens e serviços entre ambos os países e pelos laços de longa data.

No entanto, o cenário de incerteza alastra-se nos EUA e é necessário que a Administração americana consiga fechar acordos comerciais mais rapidamente ou voltar atrás na sua política de imposição de taxas alfandegárias que ameaça reduzir o comércio de bens a nível mundial, e criar uma recessão nos EUA.

É importante a Alemanha ter conseguido formar governo pois perante a guerra da Ucrânia, que não dá sinais de abrandar, a Europa necessita de cumprir o que prometeu – plano de investimento em infraestruturas e defesa por forma a reduzir a dependência dos EUA, numa altura em que todos os dias são uma incógnita, com ou sem acordo!