[weglot_switcher]

Avaliação da TAP ainda em curso passa para o próximo Governo

A transportadora aérea ainda está a ser avaliada pela consultora EY e pelo banco de investimento Finantia. As conclusões chegarão já no próximo Governo.
16 Maio 2025, 07h25

A EY e o Finantia ainda estão a realizar os trabalhos de avaliação da TAP no âmbito do processo de privatização, após ter sido avançada a data de 17 de março para a entrega das conclusões. As novas contas da consultora e do banco, que na avaliação que entregou ao Executivo de Costa apontavam para um valor máximo de 1.100 milhões de euros, ainda não estão fechadas e vão agora ser entregues ao novo governo que sair das eleições de 18 de maio.

“Desconhecemos a calendarização de entrega indicada. Os trabalhos ainda decorrem”, avançou ao JE fonte oficial do Ministério das Infraestruturas.

Esta é uma etapa fundamental no processo de privatização e terá em conta o desempenho da TAP em 2024 com vista a determinar o valor de mercado justo para a TAP. O trabalho da EY e Finantia decorre agora num contexto económico marcado pela guerra comercial desencadeada por Trump com a quebra na procura por viagens a poder penalizar a companhia aérea e, em sinal inverso, a queda do petróleo a representar um impacto positivo.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, sinalizou, a 10 de março, que a privatização da companhia aérea não avança com Governo em gestão, acrescentando que o Executivo “está limitado” quando se trata de iniciar processos legislativos e precisando que há decisões que carecem de um executivo em plenitude de funções. O novo Executivo que sair das eleições de 18 de maio irá assim receber a nova avaliação para dar seguimento à reprivatização da TAP, cuja venda de pelo menos 49%, estava prevista arrancar em março deste ano.

A após a queda do Governo, o Ministério de Miguel Pinto Luz deu conta de estar a fazer “trabalho de backoffice” para deixar o processo avançado para o próximo Executivo e evitar que haja “tempo perdido”, garantindo que o atraso não vai afetar o preço. O decreto-lei ia ser lançado, mas, segundo o governante, isso pode ser ultrapassado pelas etapas que “estão a ser desenvolvidas nos bastidores”.

A Bloomberg chegou a avançar no final de fevereiro que as avaliações da TAP nas mãos do Governo a 17 de março, mas o JE sabe que não foi fixado qualquer prazo à Parpública, a entidade mandatada para contratar pelo menos duas avaliações independentes necessárias para o arranque da reprivatização da TAP que já tinha selecionado a consultora e o banco para fazer a avaliação financeira para a reprivatização da TAP lançada pelo Governo de António Costa.

O Executivo de Montenegro relançou o processo no verão do ano passado, tendo sido pedido à EY e ao Finantia para atualizarem a anterior avaliação do Grupo TAP, constituído pela TAP – Transportes Aéreos Portugueses, e pela Portugália – PGA, assim como da área de saúde constituída pela UCS – Cuidados Integrados de Saúde, que apontavam em setembro de 2023 para um valor que oscila entre os 800 milhões e 1,1 mil milhões de euros, tal como o JE noticiou em novembro do ano passado.

Mas a lei pede avaliações com menos de um ano, sendo que também que os múltiplos das empresas comparáveis do setor baixaram, pelo que os valores das avaliações da TAP terão de ser atualizados. Mais: têm de ser ajustados às contas mais recentes da TAP SA e ter em conta o desempenho da companhia em 2024, ano que fechou com lucros de 53,7 milhões de euros – 69,7% inferiores aos de 2023, ano em que obteve 177,3 milhões.

TAP na mira da Air France-KLM, IAG e Lufthansa
A venda da TAP já atraiu vários interessados, entre eles três dos maiores grupos de aviação europeus: Air France-KLM, IAG e Lufthansa. O Governo está a considerar a venda de, pelo menos, 49% da TAP na reprivatização da companhia, o que significa que poderá ser alienada uma participação minoritária, mantendo-se o Estado com o controlo do capital. Recorde-se que ainda recentemente o secretário-geral do PS reiterou que “o Estado deve ter a maioria do capital da TAP”, tendo Pedro Nuno Santos insistido que é contra a venda da maioria da companhia aérea.

O Executivo de Montenegro tinha previsto avançar com o decreto de privatização da TAP até ao final do primeiro trimestre, mas este calendário ficou comprometido com a crise política que teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, e que culminou no Parlamento a rejeitar, a 11 de março, uma moção de confiança no governo minoritário, levando à sua queda.

Em plena crise política, o CEO da Air France-KLM, Ben Smith, reafirmou o interesse na TAP, não vendo um eventual atraso de seis a 12 meses como “material”, mas aproveitou para pedir “estabilidade” para poder avançar com o negócio, cujo processo de venda vai agora demorar mais tempo.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.