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Dona do primeiro modelo IA da China focado no português prepara entrada em bolsa

Lin Yuchu disse que a Deeptranx, com sede em Zhuhai (cidade adjacente a Macau), tem planos para entrar na bolsa de valores da região semiautónoma chinesa de Hong Kong ou na vizinha metrópole de Shenzhen.
18 Maio 2025, 10h02

A empresa que desenvolveu o primeiro modelo linguístico da China que usa inteligência artificial (IA) para o português está a planear listar-se em bolsa e expandir-se nos mercados lusófonos, disse o fundador à Lusa.

Lin Yuchu disse que a Deeptranx, com sede em Zhuhai (cidade adjacente a Macau), tem planos para entrar na bolsa de valores da região semiautónoma chinesa de Hong Kong ou na vizinha metrópole de Shenzhen.

Mais de dez empresas de Portugal e do Brasil já investiram três milhões de yuan (mais de 371 mil euros) para poderem usar o DeeCo-model, um modelo linguístico de grande dimensão especializado em conteúdos em língua portuguesa.

Mas o presidente-executivo da Deeptranx sublinhou que a empresa quer ir mais longe.

“No futuro, vamos aproveitar Macau como porta de entrada através da iniciativa ‘Uma Faixa, Uma Rota’ para nos expandirmos para os mercados lusófonos”, referiu Lin.

A iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” é uma estratégia global de desenvolvimento de infra-estruturas adoptada pelo Governo da China em 2013 e que já investiu em mais de 150 países.

Lin começou a trabalhar na tradução automática entre chinês, português e inglês em 2012, quando ainda era estudante na Universidade de Macau.

Já após fundar a Deeptranx, em 2018, o empresário identificou oportunidades no mercado lusófono e criou o primeiro grande modelo de IA da China focado no português, “uma vez que os setores de IA em chinês e inglês já estavam saturados”.

“Em 2022, atualizámos para um modelo linguístico completo e de grande dimensão após avanços nos algoritmos de IA”, acrescentou.

O DeeCo-model suporta processamento de texto, imagem, áudio e vídeo, abrangendo 17 setores, incluindo finanças, tecnologia e cultura.

“É mais especializado e profissional do que outros modelos tradicionais para conteúdos locais”, sublinhou Lin, dando como exemplo “consultas sobre as leis de Macau ou a história e cultura lusófonas”.

O sistema também consegue diferenciar entre o português europeu e o português brasileiro, identificando variações gramaticais, lexicais e fonéticas.

A Deeptranx emprega 40 trabalhadores a tempo inteiro e 3.800 linguistas em regime ‘freelance’, especializados em variantes do português e 100 mil colaboradores de dados multilingues em todo o mundo.

“Até à data, obtivemos 30 milhões de yuan [3,7 milhões de euros] em financiamento”, disse Lin.

O investimento veio de empresas como as gigantes tecnológicas chinesas Tencent e Baidu e a dona da maior plataforma chinesa de literatura na Internet, China Literature Ltd, “além de pequenas e médias empresas em Zhuhai”, acrescentou o líder da Deeptranx.

O interesse pela língua portuguesa na China cresceu de forma acelerada nos últimos 25 anos, alimentado pela evolução das trocas comerciais entre a China e a lusofonia, que só em 2024 ultrapassaram 225 mil milhões de dólares (quase 208 mil milhões de euros).

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