Perguntam-nos recorrentemente como perspetivamos o M&A em Portugal; e se é o momento para comprar ou vender.

Olhamos com otimismo para a atividade. O contexto económico é, certamente, importante, destacando-se alguns pontos, tais como:

– Existência de empresas altamente competitivas e/ou exportadoras;

– Disrupção/inovação como preocupação crescente dos executivos;

– Crescimento económico. De acordo com o Banco de Portugal (Março 2019) as exportações deverão evoluir anualmente até 2021 em torno de 3,7% e o PIB a um ritmo aproximado de 1,7% (1,6% em 2021);

– Disponibilidade de capital relativamente elevada (e as taxas de juro reduzidas), face ao passado, facilitando o investimento.

Estes pontos resultam efetivamente na procura por empresas portuguesas por parte de investidores de diferentes geografias; e efetivamente em otimismo.

Acreditamos, no entanto, que o M&A nos próximos anos dependerá substancialmente da qualidade e preparação das equipas. Este é um tema estrutural e controlável pelos agentes.

De acordo com o Global Corporate Divestment Study 2018 da EY, a maioria dos vendedores acredita que a diferença de expectativas de preço entre compradores e vendedores é de entre 11% e 20%. De facto, o que se observa ainda em Portugal, é que parte das potenciais transações não se concluem por desalinhamento de expectativas e por assimetrias de conhecimento e preparação.

Existe porém uma consciência crescente (e preparação), por parte dos empresários, de que o M&A pode fazer parte do ciclo de vida. Observa-se uma existência mais significativa de investidores locais altamente sofisticados em diferentes estruturas – company builders, family offices, private equity funds, e outros. É simples identificar empresas e conglomerados nacionais que adotam o M&A como forma de fomentar a sustentabilidade do negócio e fundos que se encontram a executar novas rondas de investimento e desinvestimento.

Julgamos que o futuro da atividade, e momento de cada agente, será ditado, sobretudo, pelas equipas e não apenas pelo contexto económico, estando por isso otimistas. Iniciativa, preparação, especialização e redes de contactos abrangentes estão hoje mais disponíveis em Portugal, em resultado de anos de atividade relativamente acentuada e de uma crescente profissionalização e globalização das equipas.